segunda-feira, 8 de agosto de 2016

ÉTICA NO BUDISMO

No Budismo, os cinco preceitos são aqueles que devem ser mantidos pelos devotos leigos masculinos (upāsakas) e devotos leigos femininos (upāsikās). 

Essa é a virtude dos preceitos para a vida do leigo e são a guia para o comportamento ético:

“Não matar”. Quando a pessoa mesma mata ou manda outro para fazê-lo (conspirar com outros para matar), acabando com a vida de um ser consciente, isto também é matar. Matar a alguém sem intenção não é assim um delito grave. Entre todas as mortes de seres conscientes, matar humanos é naturalmente o crime mais grave. Danificar aos outros – com facas, lanças, peças de cerâmica, pedras, etc. – contudo não é considerado tão grave como o crime de matar, mas também pertence à categoria de matar assim como o suicídio.

“Não roubar”. Isto é aplicado a todas as coisas – nacionais, pessoais ou budistas – que possuem proprietários. Nós quebramos o preceito de não roubar se tomarmos, ocuparmos pela força ou apropriarmos de coisas sem o consentimento do dono. Segundo o Dharma (lei) de Buda, não podemos usar a escusa de estarmos famintos, doentes ou com vontade de manter os nossos pais, mulher e filhos para roubar. Todo roubo é condenado.

“Não se envolver em uma conduta sexual imprópria”. Se um homem e uma mulher convierem em se tornar marido e mulher pelos ritos de reconhecimento público, com a aprovação dos tutores e não violando as leis seculares, então o contato sexual entre marido e mulher (que é um elemento importante da formação familiar para a continuação da posteridade) é próprio e não é condenado. Ainda em casos onde a outra parte o consentir, a conduta sexual é imprópria para os leigos se isso não for permitido pelo Dharma de Buda (por exemplo, quando receber os oito preceitos), não permitido pela lei secular ou não aprovado pelos respectivos tutores. Os devotos leigos budistas devem evitar esse contato. Esse contato não prejudica só a capacidade da outra pessoa para adotar eleições livres de influências externas, mas também é uma conduta ruim que quebra a harmonia das famílias e perturba a ordem da sociedade.

“Não fazer depoimentos falsos”. Algumas vezes fazemos depoimentos não verdadeiros para o nosso próprio benefício, para o benefício dos nossos parentes e amigos ou para danificar ao nosso inimigo. O preceito de não mentir aplica-se ainda a dizer conhecer alguma coisa que não conhecemos e negar que conhecemos alguma coisa quando sim a conhecemos; dizer que tem uma coisa quando isso não for verdade e dizer que não tem uma coisa quando sim a tem; e dizer que uma coisa é certa quando ela não o for e vice-versa. Fazer depoimentos falsos para nos beneficiar e para beneficiar aos nossos parentes, mas produzindo dano aos outros, cometemos o grave crime de mentir. Para outros tipos de depoimentos falsos o crime é mais ligeiro.

Os quatro preceitos acima referidos são chamados de preceitos naturais porque os mesmos atos são crimes. Assim, fazer estas coisas é impróprio sem considerar se nós aceitamos ou não os preceitos. O Dharma de Buda não permite estes atos e também as leis seculares vão nos punir por essa conduta.

“Não beber álcool”. Qualquer substância que tem a capacidade de perturbar ou confundir a nossa mente é chamada de álcool e não devemos consumi-lo nunca. Contudo se algumas pessoas falarem que beber álcool é bom para nossa saúde, segundo o Dharma de Buda, isto não merece qualquer mérito. No primeiro lugar, beber álcool pode perturbar a nossa mente e produzir a perda de nosso autocontrole. Quando estamos bêbados fazemos erros e falamos coisas ou cometemos atos ruins que somos incapazes de fazer de maneira regular.

No Vinaya (livro que ensina a educação e a disciplina na vida monástica)  há uma história relativa a um discípulo budista que era muito restrito ao fato de manter os preceitos, mas quem, depois de se tornar confundido pela bebida, cometeu os quatro crimes graves de matar, roubar, ter uma conduta sexual imprópria e mentir, tudo isto no mesmo dia. Devido a razões como esta, é conhecido que beber pode destruir todas as virtudes. De maneira efetiva, não são só as virtudes do Dharma de Buda as que são destruídas pela ingestão de álcool. A felicidade das famílias, as amizades, os negócios e o patrimônio são muitas vezes destruídos. No segundo lugar, o desarranjo e a ignorância são as raízes de todos os crimes por causa da bebida. Beber com frequência é um grande obstáculo para manter a saúde mental e o conhecimento certo.

Algumas pessoas, devido a que sempre estarem bêbadas, têm filhos que nascem insanos ou com séria retardação mental. Contudo se o ato de beber não parecer ruim, esse ato é um dos principais culpados que impedem a sabedoria, destruindo as virtudes. Além dos primeiros quatro preceitos, em consequência os budistas deveriam manter seriamente o preceito de não beber para guardar suas virtudes e avançar para as doutrinas que transcendem o mundo, que têm à sabedoria como fundamento.

Aquele que mantiver os cinco preceitos por toda a vida,
receberá toda a boa fortuna. Os cinco preceitos, acima referidos, são preceitos puros que deveriam ser mantidos pelos upāsakas e upāsikās.

Quando procuramos refúgio expressamos a vontade de: “Eu vou procurar refúgio toda a minha vida no Buda, no Dharma (lei) e no Sangha” (comunidade): as três joias; devemos ainda aceitar e manter os cinco preceitos por toda a vida e fazer votos para seguir os Três Tesouros.

Aceitar os cinco preceitos é a prática efetiva de seguir os Três Tesouros. As pessoas que procuram refúgio, mas que não aceitam nem mantêm os cinco preceitos podem ser chamadas de upāsakas e upāsikās, mas só de nome. 

Quando procuramos refúgio e dizemos “A contar de hoje até o final da minha vida vou proteger aos seres viventes”, este é o voto para aceitar os preceitos.

Aqueles que com sinceridade procuram refúgio nos Três Tesouros não rejeitarão aceitar e manter os cinco preceitos. A fé sem um melhoramento relevante na conduta de uma pessoa é uma prova clara da ausência da fé real. 

Não podemos ser upāsakas completos se não temos uma fé real.

Depois de ter aceitado os cinco preceitos e de ter a capacidade de mantê-los com pureza, teremos a boa fortuna. Isto pode ser comparado ao fato de obter uma pérola que outorga desejos; depois de obtê-la podemos obter também outros tesouros. 

Mantendo os preceitos não quebramos as leis seculares e assim ganhamos respeito da sociedade. Isto satisfaz aos humanos e aos seres divinos e os espíritos divinos aparecerão para nos proteger. Os fantasmas e espíritos malvados farão todas as diligências para retroceder; tudo será auspicioso. 

Aqueles que têm mentes puras e que mantêm os preceitos sem fazer o mal podem renascer como humanos ou seres divinos; com os preceitos como fundamentos para a meditação e a sabedoria, eles podem iniciar o mérito que transcende o mundo.

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