segunda-feira, 8 de agosto de 2016

A ÉTICA E O DECÁLOGO

O Decálogo: base para uma ética fundamental comum                              
(KÜNG, 2004, p. 191)

De acordo com a Bíblia, os judeus são chamados o povo escolhido de Deus.

Para os judeus crentes, no entanto, isso não representa nenhuma expressão de superioridade e arrogância, mas sim de um compromisso especial: o compromisso com a aliança de Deus, coma lei de Deus, com as instituições de Deus; em hebraico: Torah.

Isso não significa, certamente, que os inúmeros mandamentos da lei sagrada dos judeus tenham sido dados desde o início.  E os preceitos elementares do humanitarismo evidentemente existiram também entre os povos fora de Israel.

Mas a novidade é que os mandamentos humanitários são agora colocados sob a autoridade do único e mesmo Deus. Agora não se diz mais de uma forma genérica: “Não deves matar, não deves mentir nem roubar, nem praticar luxúria” Não! Agora se diz: “Eu sou o Senhor teu Deus. Não matarás, não mentirás, não roubarás, não praticarás luxúria”.

Já bem cedo esses mandamentos foram resumidos, os mais importantes deles, nas Dez Palavras, no Decálogo. Esses mandamentos foram assumidos também pelos cristãos. E são encontrados paralelos no Alcorão.

Eles constituem a base para uma ética fundamental comum das três grandes religiões proféticas. Fundamentadas sobre a fé no único Deus, essas Dez Palavras de Israel constituem o grande legado dos judeus para a humanidade.

O Decálogo como o ABC do comportamento humano
(KÜNG, 2004, p. 210-211)

Quão distante se encontra ainda o judaísmo moderno deste caminho do meio-termo entre um secularismo religioso e um fundamentalismo fanático, ficou evidente em Tel Aviv, lugar onde foi assassinado o Primeiro Ministro de Israael, Itzhak Rabin.

E, no entanto, justamente o judaísmo deveria ter empenhado aqui toda a sua imensa herança religiosa e ética. Dificilmente existirá outro povo que tenha coisas tão substanciais e marcantes a oferecer para um futuro etos comum da humanidade quanto o judaísmo, com seus Dez Mandamentos.

Estes, como depois dos terrores do Nazismo, apresentou o escritor alemão, Thomas Mann, constituem a “orientação básica e o rochedo do homem decente”, ou mesmo, “o ABC do comportamento humano”.

E este ABC do comportamento humano, justamente na era da globalização, precisa ser válido também para a política e para a economia mundiais:

v    É evidente que a política mundial tem que se orientar pelos interesses nacionais, pelas reais distribuições de poder. Mas isso não significa que o fim político justifique todos os meios, inclusive a morte política, a traição ou mesmo a guerra;
v    E é evidente também que a economia mundial tem que se orientar de acordo com determinadas leis e normas econômicas e viabilizar tudo quanto não pode ser realizado. Porém, mais uma vez, isso não significa que o lucro, por mais justificado que seja, permita todos os meios, inclusive a quebra da confiança, a avidez sem medida e a exploração social.       


Sem uma ética global, a política e a economia mundiais ameaçam levar ao caos mundial. Seja como for: sem uma ética global não haverá no mundo uma ordem mais justa!

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