O
Decálogo: base para uma ética fundamental comum
(KÜNG,
2004, p. 191)
De
acordo com a Bíblia, os judeus são chamados o povo escolhido de Deus.
Para
os judeus crentes, no entanto, isso não representa nenhuma expressão de
superioridade e arrogância, mas sim de um compromisso especial: o compromisso
com a aliança de Deus, coma lei de Deus, com as instituições de Deus; em
hebraico: Torah.
Isso não significa,
certamente, que os inúmeros mandamentos da lei sagrada dos judeus tenham sido
dados desde o início. E os preceitos
elementares do humanitarismo evidentemente existiram também entre os povos fora
de Israel.
Mas
a novidade é que os mandamentos humanitários são agora colocados sob a
autoridade do único e mesmo Deus. Agora não se diz mais de uma forma genérica:
“Não deves matar, não deves mentir nem roubar, nem praticar luxúria” Não! Agora
se diz: “Eu sou o Senhor teu Deus. Não matarás, não mentirás, não roubarás, não
praticarás luxúria”.
Já
bem cedo esses mandamentos foram resumidos, os mais importantes deles, nas Dez
Palavras, no Decálogo. Esses mandamentos foram assumidos também pelos cristãos.
E são encontrados paralelos no Alcorão.
Eles
constituem a base para uma ética fundamental comum das três grandes religiões
proféticas. Fundamentadas sobre a fé no único Deus, essas Dez Palavras de
Israel constituem o grande legado dos judeus para a humanidade.
O Decálogo como o ABC do comportamento humano
(KÜNG,
2004, p. 210-211)
Quão distante se
encontra ainda o judaísmo moderno deste caminho do meio-termo entre um
secularismo religioso e um fundamentalismo fanático, ficou evidente em Tel
Aviv, lugar onde foi assassinado o Primeiro Ministro de Israael, Itzhak Rabin.
E,
no entanto, justamente o judaísmo deveria ter empenhado aqui toda a sua imensa
herança religiosa e ética. Dificilmente existirá outro povo que tenha coisas
tão substanciais e marcantes a oferecer para um futuro etos comum da humanidade
quanto o judaísmo, com seus Dez Mandamentos.
Estes,
como depois dos terrores do Nazismo, apresentou o escritor alemão, Thomas Mann,
constituem a “orientação básica e o rochedo do homem decente”, ou mesmo, “o ABC
do comportamento humano”.
E
este ABC do comportamento humano, justamente na era da globalização, precisa
ser válido também para a política e para a economia mundiais:
v E é
evidente também que a economia mundial tem que se orientar de acordo com
determinadas leis e normas econômicas e viabilizar tudo quanto não pode ser
realizado. Porém, mais uma vez, isso não significa que o lucro, por mais
justificado que seja, permita todos os meios, inclusive a quebra da confiança,
a avidez sem medida e a exploração social.
Sem
uma ética global, a política e a economia mundiais ameaçam levar ao caos
mundial. Seja como for: sem uma ética global não haverá no mundo uma ordem mais
justa!
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