Na ética xintoísta, o que vale é a autoconsciência, ou seja, o homem sabe, pela sua própria natureza, o que deve fazer.
A vida, os instintos e tudo o que serve para conservá-la e torná-la mais bela são avaliados de maneira positiva. A morte e tudo o que a ela conduz - como doença, falta de sorte e infelicidade - são avaliados negativamente e devem ser evitados.
Não existindo pecado, não deveria existir o sentimento de culpa ou de perdão, mas o xintoísmo recorre às purificações por um sentimento de deferência a quem é mais justo e forte como os kamis. Uma virtude particularmente cultivada no xintoísmo é o senso de honra, considerado até mesmo como um valor com fim em si mesmo.
Depois vem a fidelidade, especialmente ao imperador e, em seguida, ao grupo a que se pertence, a obediência aos superiores, o sucesso nos estudos e na vida, o autocontrole e o não prejuízo ao próprio grupo e à sociedade.
A pureza é outra virtude. Há dois significados de pureza, um é o da pureza externa, ou pureza corporal, e o outro são da pureza interior ou pureza do coração. Se um homem está favorecido com a verdadeira pureza interna do coração, ele de fato irá alcançar a comunhão com o Divino. A sinceridade é, também, muito importante dentro do Xintoísmo.
O XINTOÍSMO E O ABORTO
As religiões orientais defendem uma visão onde o homem é quem tem o direito de decidir pela continuidade ou não da gestação. A compreensão da interrupção da gestação e a autoridade final sobre ela se justificariam pelo entendimento do carma, que segundo essas religiões, afeta diretamente a próxima vida, já que são reencarnacionistas e creem que, tudo que se faz na vida atual surte resultado na vida terrena futura.
Segundo o “Livro dos Mortos do Tibet”, livro sagrado da tradição zen-budista (que convive com o xintoísmo), de origem indiana, mas com imensa aceitação no Tibet, Nepal e boa parte da China, o “bem nascido”, depois de desencarnado, ingressa numa viagem espiritual onde enfrenta diversas divindades que testam sua fé com uma série de enigmas e seduções.
Por fim, após vencer todas as diversidades, o “bem nascido” escolhe seus futuros pais e adentra o útero feminino no momento da cópula e já reencarna no embrião logo na sua concepção. Por isso, que a interrupção de uma gravidez, mesmo que no seu início, tributa aos pais uma dívida que deverá ser paga noutra reencarnação.
No Japão, país de maioria xintoísta, o aborto é tolerado e em muitos casos incentivado. Entre as gueixas, mulheres que servem tradicionalmente aos homens com a arte da sedução, da dança e do canto, mantendo não raros casos sexo afetivos com alguns desses, o aborto é normal.
Muito parecidas com as gueixas, são as Orian, prostitutas de alta-classe que se maquiam e usam penteados idênticos aos das gueixas, diferenciando-se apenas no tipo de laço que usam em seus quimonos, entre estas o aborto é até incentivado pelo governo.
Entretanto, já nas mulheres casadas o aborto só é feito perante a autorização por escrito do marido. Jovens e adolescentes solteiras podem interromper a gestação, o aborto é feito sob solicitação dos pais e com autorização judicial.
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