Disponível em: candomblefilosofia.blogspot.com/p/orixas.html
Sincretismo | Santa Luzia |
Dia da semana | Sábado |
Elementos | Céu rosado, Astros, Estrelas, Mata virgem e Ilhas
|
Domínios | Vidência e Criatividade |
Cores | Variações do Rosa |
Plantas e ervas | Cana do Brejo, Barba de São Pedro, Alface d'água (erva de Santa Luzia), dentre outras |
Plantas e ervas | Cana do Brejo, Barba de São Pedro, Alface d'água (erva de Santa Luzia), dentre outras |
Ewá ou Yewá, é uma bela
virgem que não resistiu aos encantos do Rei Xangô e entregou seu jovem e belo
corpo a ele. Oya ou Yansã, esposa de Xangô, despertou-se em grande fúria
através da força de suas ventanias, assustando a bela Ewá. Essa, com receio da
vingança de Yansã, refugiou-se na parte mais profunda e nunca explorada das
matas de Oxossi, que a recebeu de braços abertos.
Estes fatos fazem com que Ewá seja a
protetora das virgens, dos mistérios, da vidência e dos lugares inexplorados.
Sua origem e tantas outras
informações são muito instáveis na literatura, pois foi cultuada em nações
diferentes, ocasionando assim muita divergência nas informações. Longe da precisão, historiadores,
filósofos e pesquisadores concernem seus entendimentos em vivências traduzidas
pelo dia a dia de Babalorixás e Ialorixás que lhes fornecem dados para que
possam se apoiar em alguma "corrente" histórica.
Características dos filhos(as) de Santo de Ewá:
Muitas das vezes confundem um(a)
filho(a) de Ewá com pessoas de personalidade frágil, facilmente influenciadas
por outras pessoas. Em meu entendimento, a característica que gera essa
confusão é a inocência. Como as belas jovens virgens, presa pela vaidade.
A vaidade mais pura que a de Oxum,
doce e angelical. É feminina e delicada. Vive
como uma eterna menina, tendo dificuldades em aceitar as responsabilidades da
vida adulta. Estão sempre criando situações para receberem elogios, pois é esta
sua predileção.
=o=o=o=o=o=o=o=o=o=|||=o=o=o=o=o=o=o=o=o=
EXÚ
Dia da semana | Segunda-feira |
Elementos | Terra e Fogo |
Domínios | Elementos terrenos, humanos e materiais |
Cores | Preto e vermelho |
Plantas e ervas | Maioria das plantas com espinhos, Cajueiro, Cana de Açúcar, Catingueira, Mangueira, Folha de Bananeira, Palmeira Africana, dentre outras |
Dia da semana | Segunda-feira |
Elementos | Terra e Fogo |
Domínios | Elementos terrenos, humanos e materiais |
Cores | Preto e vermelho |
Plantas e ervas | Maioria das plantas com espinhos, Cajueiro, Cana de Açúcar, Catingueira, Mangueira, Folha de Bananeira, Palmeira Africana, dentre outras |
Exú, Esù ou Bará é o
Orixá mais polêmico do panteão africano. Erroneamente identificado como Lúcifer
ou outros demônios como Mara, o demônio que tentou o príncipe Sidharta (o jovem
Buda), Amon (Egito Antigo), Abyzou (Mitologia Judaica) Daeva (Mitologia Persa),
dentre outros.
Em todos estes casos o
arquétipo colaborativo para a nossa imaginação figurativa é a do anjo caído, do
espírito sem luz, do senhor dos infernos, do responsável pela tentação, sem
escrúpulos e sem valores ou princípios morais.
Esta equivocada relação faz
com que os leigos tenham muito receio desta figura tão importante nos preceitos
do Candomblé. Temem-no, como algo ou
alguém ruim, que realiza maldades das mais perversas.
O mais importante a se
entender é que o mal está em qualquer lugar. Na minha e na sua existência. Em
nossos atos, desejos e pensamentos. Somos nós os percussores e
mantenedores deste mal que assola os dias de hoje.
Bará está conosco, assim
com os outros Orixás, para nos defender. São nossas próprias energias
fecundadas à natureza; as quais nos fazem responsáveis pelos nossos próprios
atos e suas consequências.
Bará, (ou Legbará quando
se trata de Orixá feminino), rege o que é terreno, humano e material. Ele é o
guardião do Ylê (casa de Candomblé), nosso protetor e fiel amante. Não mede
esforços para realizar os pedidos e os desejos de seus filhos.
Está aí então a boa
reflexão sobre o nosso livre arbítrio na escolha de nossos pedidos. Ele é o
Orixá que nos viabiliza o aprendizado com os erros humanos, incitando nossa
evolução a nos conduzir para as escolhas corretas.
Se os erros humanos, se
a inveja, o ego, a vaidade, a avareza e tantas outras premissas terrenas não
nos tentassem ao erro, não teríamos como evitá-las. O aprendizado deste bom uso
do livre arbítrio que nos foi dado está no domínio deste Orixá.
Ele tem o Axé (a benção) sobre
a sexualidade, o dinheiro e o relacionamento humano.
Características dos filhos(as) de Santo de Bará e Legbará
Mais comum do que se imagina, Bará e
Legbará são donos do Ori ( cabeça, intuição, destino) de muitos filhos(as). A
determinação, a sorte, sexualidade, sagacidade, persuasão e inteligência são
elementos muito presentes em seus filhos(as).
Igbá- Ori tradicional
yorubá
O mais interessante a se observar é que estes
podem ser classificados tanto como qualidades ou defeitos, depende de como são
utilizados. Por se tratarem de traços muito poderosos na vida terrena, deixando
a estes filhos(as) grande responsabilidade de saber usá-los.
A orientação espiritual é quase que
obrigatória a quem carrega este arquétipo, pois a tentação da facilidade em
lidar com questões materiais e terrenas pode ofuscar a necessidade de
entendimento em cuidar e regar o que nos é mais precioso: nosso aprendizado e
crescimento espiritual.
=o=o=o=o=o=o=o=o=o=|||=o=o=o=o=o=o=o=o=o=
IANSÃ
Sincretismo | Santa Bárbara |
Dia da semana | Quarta-feira |
Elementos | Ar em movimento e Coral Fogo |
Domínios | Ventania, tempestade e contato com os mortos
|
Cor | Vermelho coral |
Plantas e ervas | Bambu, Cravo da Índia, Eucalipto-Limão, Flamboiant, Gengibre, Hortelã, Manjericão Roxo, dentre outras |
Plantas e ervas | Bambu, Cravo da Índia, Eucalipto-Limão, Flamboiant, Gengibre, Hortelã, Manjericão Roxo, dentre outras |
Iansã, Yansã ou Oya é um dos Orixás femininos mais populares no Brasil. Centenas são as lendas com seu nome, explicando suas diferentes e inúmeras características. Esposa de Xangô, é com ele que adquire seus principais traços e forças naturais. Compartilham a tempestade, mas a dividem com exatidão. Fundem-se, mas são patronos de cada elemento separadamente. Xangô é o senhor dos raios, ela dos trovões e vento.
É
com Ogum, guerreiro do reino de Xangô, que sai para as batalhas. Lado a lado
com o imponente e charmoso Ogum, não consegue abrandar a força da paixão. Passa
a viver com Ogum então a mais forte das paixões do panteão africano.
Em
uma de suas qualidades, obtém o domínio de se comunicar com os mortos (Eguns).
Muito popular e intensa, possui inúmeras quizilas (dificuldades de
relacionamento, confusões) com diversos Orixás.
Características
dos filhos(as) de Iansã
Guerreira,
lutadora incansável e completamente extrovertida são as características básicas
de Iansã e de todas as suas "qualidades" de Santo. Este Orixá é dono
do Ori (cabeça), geralmente, de mulheres.
Estas filhas de alegria contagiante tem na
outra extremidade de sua dualidade a cólera. É melhor não a provocarem em seus
valores morais e muito menos com seus filhos.
Com
um estereótipo mais masculino do que os outros Orixás femininos no que se diz
respeito ao modo de ser, é em contrapartida, feminina como poucas em sua
aparência, despertando grande rivalidade com Oxum, com quem possui grandes
quizilas; exceto Oxum Apará ;
Grande
amante e excelente parceira sexual, a sensualidade das filhas de Iansã é a
grande arma que possui tanto para a conquista de vários amores durante a vida
ou a manutenção de um grande amor pela eternidade.
Fiel às suas paixões e aventureira, não
consegue contentar-se com o morno. Suas
conquistas são grandiosas, assim como suas derrotas desastrosas. A
dramaticidade intensa da vida da filha de Iansã a torna vulnerável e às vezes
ingênua.
Assim
como para todos os outros Orixás, as diferentes "qualidades de santo"
possuem características diferentes, refletindo assim em suas filhas este mesmo
temperamento, mas estas são as mais visíveis em qualquer uma destas qualidades.
=o=o=o=o=o=o=o=o=o=|||=o=o=o=o=o=o=o=o=o=
IBEJI
Sincretismo | Santos Cosme e Damião |
Dia da semana |Domingo e Segunda-feira|
Elementos | Ar |
Domínios | Felicidade e ingenuidade |
Cores | Todas as cores em conjunto ou rosa, azul e verde separadamente |
Plantas e ervas | Jasmim, Alecrim, Maçã e Rosa, dentre outras |
Plantas e ervas | Jasmim, Alecrim, Maçã e Rosa, dentre outras |
Ibeji, Ìbejì ou Ìgbejì não
chega a ser considerado, na maioria das nações africanas, como Orixá, mas sim,
uma divindade. Na verdade, duas divindades gêmeas infantis. Porém, no Brasil,
com a junção de várias lendas e crenças distintas destas nações sobre essas
duas crianças, tornaram-se, para alguns Babalorixás, Ialorixás e historiadores,
como um único Orixá.
Adotando esta corrente
histórica, prezo por salientar que Ibeji não é o mesmo que Erê. Esta confusão
se faz pelo fato de que os Erês são as energias infantis, representadas através
das crianças.
Como Ibeji é
representado por duas crianças gêmeas é extremamente comum o equívoco desta
interpretação.
São muitas as lendas relacionadas a este Orixá, pois como já mencionado, eram muitas as nações que o cultuavam no panteão africano e assim, cada uma delas tinha a crença em uma lenda diferente.
Uma das mais populares diz que os gêmeos são filhos de Iansã e Xangô. Um dos filhos morre ainda pequeno. A mãe, inconformada com a tragédia, esculpe um boneco em madeira e o coloca em um lugar sagrado de sua casa.
Todos os dias o alimenta, o veste e lhe
faz companhia. Agindo como se ainda estivesse vivo e depois de tanto choro,
Olorum (Deus) sente pena de Iansã e devolve a vida ao seu filho.
Ibeji representa a felicidade, alegria pura e infantil. Não a gargalhada de Exú, mas o sorriso gostoso.
É Ibeji que acompanha a criança desde seu nascimento até sua transição (momento em que o Oríxá toma o Ori da criança. Isso ocorre entre seis e oito anos do (a) menino (a)).
Em conjunto de Oxum (mãe da criança durante o desenvolvimento "Sensório-Motor"), zela pela criança de todas as situações energéticas e espirituais.
Ibeji tem o poder de desfazer qualquer coisa
feita pelos outros Orixás, assim como o que é realizado por ele, não pode ser
desfeito. Por isso às crianças não se realiza nenhuma obrigação.
Características
dos filhos(as) de Santo de Ibeji
As pessoas que trazem este Orixá
como o dono de seu Ori são extremamente felizes. Brincalhonas e repletas de
energia são capazes de alegrar qualquer ambiente e estarão sempre fazendo de
tudo para chamar a atenção.
Na maioria das vezes, quando as
coisas não são feitas a seu gosto, tornam-se pessoas emburradas e mostram-se
muito caprichosas. Deixam sempre viva a criança dentro de si, tendo muita
dificuldade para lidar com seus problemas e responsabilidade. Carentes, chegam a se tornar muito
ciumentos e até possessivos.
=o=o=o=o=o=o=o=o=o=|||=o=o=o=o=o=o=o=o=o=
IROKO
Sincretismo | Não há |
Dia da
semana | Terça-feira |
Elementos | Ar |
Domínios | Tempo |
Cores | Branco, Verde e Cinza |
Plantas e ervas | Iroko, Gameleira Branca, Figueira Brava, dentre outras |
Plantas e ervas | Iroko, Gameleira Branca, Figueira Brava, dentre outras |
Iroko, Ìrokò, Iroco ou
Roko é o senhor do tempo. Este Orixá foi o único a não ser sincretizado pela
Igreja Católica. O fato ocorre porque este, além de raro, é cultuado somente em
sua morada (árvore Iroko ou outras em sua ausência).
Como o sincretismo foi
sendo assimilado pelas "oferendas" dos escravos às imagens no
interior das igrejas, não foi possível essa assimilação de Iroko ao arquétipo
de nenhum santo católico.
Sendo um Orixá muito antigo e valioso no contexto lendário do Candomblé, tem referências em diversas religiões antigas, como por exemplo o deus Chacal no Egito Antigo: Anúbis.
A religião egípcia
faraônica tinha grande similaridade com o Candomblé, que inclusive era cultuado
em várias regiões próximas. A filosofia dogmática é extremamente parecida. As
forças da natureza regem os seus deuses, que são responsáveis por controlar as
diferentes forças.
Neste caso, Anúbis
(Iroko) é o deus responsável por guiar o tempo do filho em vida até a entrega à
deusa Maat. Esta deusa é quem abrirá ou não a porta da eternidade aquele que
desencarna.
Ela carrega sua Chave da
Vida (Ahnk) e destina-se a ser justa em decidir se permite a entrada do
espírito à vida eterna ou não, junto de Anúbis. Se Anúbis lhe informa que este
não cumpriu seu Karma, não foi coerente com os princípios e valores de seu
livre arbítrio, então ela não atenderá o pedido do desencarnado em viver
eternamente na luz espiritual da outra vida.
Caso seja autorizada sua entrada, é Anúbis
(Iroko) que leva o filho pelo caminho do Vale da Morte à luz da vida eterna.
Em outras antigas religiões, Iroko também é cultuado como o senhor do tempo e "fiscalizador" do cumprimento de seu Karma. Entre os Incas e os Maias é o senhor do início e fim. Na mitologia grega e romana, era representado por Cronus, senhor do tempo e do espaço.
Este tempo e espaço, início e fim que representa Iroko, é a brevidade desta vida encarnada. É ele quem nos impõe o cumprimento de nosso Karma. A isto, nenhum outro Orixá consegue se impor. Ele é também representante de todos os espíritos dos nossos antepassados: avós, pais, etc.
É muito raro encontrar filhos deste Orixá tanto no Brasil como em Portugal (onde é mais cultuado).
Características
dos filhos(as) de Santo de Iroko
Seus filhos são dotados de um senso
de justiça diferente dos de Xangô. Enquanto
Xangô é extremista na prática da justiça, doa a quem doer, Iroko observa a
justiça absolutamente individual, ou seja, preza muito pela subjetividade do
individuo.
Se o cumprimento do Karma do
indivíduo é concluído, há de ser merecedor de seus créditos (Darma). Isso reflete na ausência de
comparações para o senso crítico de justiça desses filhos.
Esses nunca dirão algo como
"fulano está certo e você errado", mas sim, estarão sempre dizendo
"vejamos o que você fez, por que fez isso?". São pontos de análise
completamente diferentes, embora estejam muito próximos.
Extremamente inteligentes e sábios,
carregam o perfil psicológico daquele que mais ouve do que fala, pois em muitas
das vezes já conhece o final da história contada. Apesar de também ser ranzinza, distingue-se da figura de Oxalufã
por ser mais extrovertido e festivo.
=o=o=o=o=o=o=o=o=o=|||=o=o=o=o=o=o=o=o=o=
LOGUNEDÉ
Sincretismo | Santo Expedito |
Dia da
semana | Quinta-feira |
Elementos | Floresta e Água doce |
Domínios | Riqueza e fartura |
Cores | Azul turquesa, verde e amarelo ouro |
Plantas e ervas | As mesmas de Oxum e Oxossi |
Plantas e ervas | As mesmas de Oxum e Oxossi |
Logunedé, Logun Edé ou
Lógunèdè. Este Orixá de sexo masculino causa muita polêmica entre os leigos e
até mesmo os iniciados no Candomblé. Isso ocorre porque a nação de Ketu, cujo
Logunedé era muito cultuado, foi dizimada na época da escravidão do Brasil.
Os negros, que aqui
foram vendidos, trouxeram suas lendas e crenças que foram disseminadas, porém,
não há muitos registros na África para que se possa consultar diretamente a
fonte de nascimento das lendas deste Orixá.
Assim sendo, muitas
especulações foram criadas, aumentando-se e distorcendo-se os "pontos nos
contos".
Logunedé é filho de Oxossi e Oxum. Mais precisamente, Odé Erienlé (qualidade de Oxossi) e Oxum Yeyé Ipondá (Qualidade de Oxum). Ao contrário do que se especula, ele não possui dois sexos.
A lenda mais precisa é a
de que Oxossi, seu pai, criou grande amor pelo filho e desejou levá-lo consigo
para as matas, a fim de lhe ensinar os segredos da caça. Sua mãe, Oxum, também
se encantou com a beleza do filho e
pleiteou pelo direito de lhe ensinar seus segredos contidos nas águas doces.
Então, decidiram que
Logunedé passaria seis meses na mata com Oxossi e seis meses nas águas de Oxum.
Logunedé é um misto de qualidades e defeitos de seus pais, mas como todo e qualquer filho, possui sua própria personalidade. Neste caso, a dualidade. Está presente, ao mesmo tempo, nos mistérios das matas e na profundidade e beleza das águas doces.
Características
dos(as) filhos(as) de Santo de Logunedé
Na maioria das vezes, quem carrega a
paternidade deste Orixá é confundido como filho(a) de Oxum ou de Oxóssi, pois
como já é sabido, a junção de qualidades e defeitos destes dois Orixás estará
muito visível na pessoa que tem como dono do seu Ori, Logunedé.
A beleza e charme da mãe, a força e
destreza do pai. A doce persuasão de Oxum aliada a perspicácia de Oxossi.
Enquanto seu sorriso herdado da bela Orixá encanta suas presas, ataca com a
flecha única e certeira de Odé que aprendeu a manusear.
Sua maior dificuldade é conseguir
atingir o equilíbrio com tantas qualidades. Muito
conhecimento generalizado desencadeia o fato de pouca profundidade em suas
virtudes.
Estes(as) filhos(as) são muito
indecisos e inconstantes no humor.
Devem estar sempre atentos em
não deixar que o Ego os domine, evitando assim que se tornem pessoas muito
egocêntricas e prepotentes.
=o=o=o=o=o=o=o=o=o=|||=o=o=o=o=o=o=o=o=o=
NANÃ
Sincretismo | Santa Ana |
Dia da semana | Terça-feira |
Elementos | Terra fofa e pântanos (água + terra) |
Domínios | Maternidade na vida após a morte |
Cores | Roxo e suas variações |
Plantas e ervas | Agapanto, Avenca, Cedrinho, Manacá, Quaresmeira, dentre outras |
Plantas e ervas | Agapanto, Avenca, Cedrinho, Manacá, Quaresmeira, dentre outras |
Nanã ou Nanã Burukú é o nome
deste Orixá feminino de tamanha importância na história do Candomblé. É a base
da formação do panteão Africano. É o primeiro Orixá feminino, mãe dos Orixás
das nações mais antigas, como Iroko, Omulu-Obaluiyaê e Oxumarê, sendo o pai
destes, Oxalá.
Há muitas controvérsias e
preconceitos sobre estes assuntos tratados neste tópico, porém, entendo que
embora esses assuntos a serem tratados a seguir sejam ainda grandes tabus no
Candomblé, é nossa obrigação, filhos desta filosofia religiosa, dos iniciados
aos Babás, transgredir os preconceitos e tabus de uma tradição tão antiga. Este
ensejo não é o de desrespeitar, mas sim, saber distinguir os valores sociais
dos dogmáticos.
O primeiro grande tabu a ser
tratado é a morte. Embora seja uma religião espírita, crente na reencarnação e
na evolução espiritual, há grandes receios quanto à transição deste espírito
desencarnado.
Isto acontece porque nas
nações mais antigas, Nanã possuía o conhecimento e o poder de controlar os
eguns e egunguns, inclusive a seu favor. O mistério e medo que ela gerava era
tão intensos quanto os demônios em outras religiões. Havia neste período a
punição.
Era ela, Nanã, quem
podia punir por poder demandar energias negativas e sem luz à pessoa ou até
mesmo aos Orixás, ou ainda, que não lhe entregasse à vida eterna. Muito próxima à deusa egípcia Maat, é
corrompida pelo amor à Oxalá, que a seduz propositadamente para que possa
conhecer e "furtar" seu domínio sobre os mortos.
Com este fato, o Orixá
masculino livra o pecado feminino que induzia o Candomblé ao erro: a punição.
Segundo os grandes pesquisadores do Candomblé, esta é uma fase onde em meio a
tantas guerras entre as nações do panteão africano, nações machistas
apoderaram-se da supremacia feminina.
Principalmente, porque
até este momento Nanã era considerada a grande divindade. Chegava a ser
considerada pai e mãe, sendo tratada como dois Orixás em um só, causando o
entendimento de uma supremacia hierárquica aos outros cultos.
Depois desta fase de mudanças, Nanã continuou carregando muita força e popularidade, porém, nesta época, outras duas mães passam a ser cultuadas: Oxum e Yemanjá, tirando de vez a força mitológica da primeira mãe no panteão. Ela passa a ter a imagem que temos hoje: a de avó.
Com esta escala evolutiva das lendas e a homogenização dos cultuados, Nanã (assim como aconteceu com todos os outros Orixás) passa a ter seu lugar definido, porém, os tabus originados de suas antigas lendas permaneceram. A vida após a morte é entendida no Candomblé como uma grande conquista.
É lá que nossos espíritos
preparam-se novamente para a encarnação e assim, a continuação de nossas
evoluções. Não é esta a parte do tabu, mas sim, como é que chegamos do outro
lado. Hoje, sem nenhum caráter punitivo, Nanã é a mãe que nos acolhe e abraça.
É ela que nos protege de
espíritos sem luz nessa transição. Muito mais próximo de outras religiões
espíritas, hoje entendemos que se a pessoa está carregada de eguns ou egunguns
(obsessores) e não consegue obter ajuda de Nanã, não é pela avaliação e peso de
justiça dela, mas sim, pelo uso equivocado de seu próprio livre arbítrio, que
lhe fez entrar em sintonias negativas de energia, permitindo assim, a
proximidade destes espíritos sem luz a alimentarem-se da luz que esta pessoa
carrega ou carregava.
A velha Nanã toma seu lugar na lama e no barro da criação. É no pântano que ela rege. Continua com o papel da grande mãe, pois se é na outra vida que temos a noção de que esta que vivemos é uma pequena passagem, entendemos então que ela nos guarda na parte mais importante de nossa espiritualidade.
Características dos(as) filhos(as) de Santo de Nanã Burukú
Estes(as) são dotados de
características contidas nos estereótipos da velha avó da família matriarca.
Não aceitam a evolução das coisas materiais como a tecnológica, por exemplo.
Muito ranzinza, não aceita críticas e nem mesmo conselhos dos mais novos. Falta a paciência a esses(as) filhos(as).
Tratam da morte com muita tranquilidade e em algumas vezes possuem a
mediunidade da clarividência (espiritismo de Kardec).
Extremamente afetuosos(as) com
crianças, os(as) filhos(as) de Nanã assemelham-se à avó que tudo faz aos netos,
não se importando com os parâmetros de educação estabelecidos pelos pais,
afinal de contas, é a avó que já foi mãe e muito educou. Esta responsabilidade agora
é de Yemanjá, mãe dos filhos crescidos. Geralmente mal-humorados estes filhos
não tendem à simpatia.
Por mais que pareça que os filhos de
Nanã só carreguem defeitos, não é a realidade. Eles carregam a sabedoria, a
espiritualidade e a doçura da avó consigo. São calmos e dificilmente se sentem
acuados. Embora tenham a impaciência nas questões triviais referentes à
sociabilização, possuem esta paciência em demasia para soluções de problemas,
sejam seus ou de outras pessoas.
Conhecendo muito bem este Orixá e
sabendo lidar com seus defeitos, ou ainda, tendo diversas compensações pelo seu
juntó ou adjuntó (2º orixá de cabeça, depois do principal) poderão utilizar esta grande sabedoria
em prol de si e da humanidade!
=o=o=o=o=o=o=o=o=o=|||=o=o=o=o=o=o=o=o=o=
OBÁ
Sincretismo | Santa Joana d'Arc |
Dia da semana | Quarta-feira |
Elementos | Água revolta (doce) e fogo |
Domínios | Bravura e destemor, audácia e sucesso
profissional |
Cores | Marrom raiado e cobre |
Plantas e ervas | As mesmas de Iansã |
Plantas e ervas | As mesmas de Iansã |
Novamente nos deparamos
com inúmeras divergências ocasionadas por lendas e cultos em mais de uma nação.
Obá, em outras nações também é chamada de Katambá e Obá Nani.
As poucas informações e
até mesmo a dificuldade em concernir suas origens e atuações nas lendas
africanas faz com que o conhecimento e entendimento sobre este Orixá seja
bastante tumultuado.
Há duas correntes históricas diferentes que iniciam essa inquietude. Alguns grandes historiadores, Babalorixás e Ialorixás consideram Obá como a qualidade mais velha do arquétipo de Iansã. Outros tantos e não menores, consideram Obá um outro Orixá e é esta segunda corrente que me pertence.
Embora pareçam ideias completamente diferentes, na minha opinião, se fundem. Obá possui inúmeras características próximas e até mesmo idênticas de Iansã. Até mesmo algumas lendas são trocadas, permeadas e entrelaçadas entre esses dois Orixás femininos. Daí a premissa desta fusão.
Apenas me apoiando nos preceitos culturais e não religiosos, trago à tona os três casamentos do rei Xangô: Iansã, Oxum e Obá. Entendo que essa distinção seja o grande trunfo a se apoiar, vez que todas as lendas antigas, de várias nações, citam, além de Oxum; Iansã e Obá como esposas distintas.
Há quem diga que poderia
perfeitamente ocorrer essa mesma citação sendo Obá uma qualidade de Iansã, vez
que estaria sendo nomeada pela terminação da qualidade de Santo e não pelo nome
de Orixá.
Minha percepção é de que
neste âmbito histórico, no velho panteão africano, todo contexto de transmissão
cultural era arraigado das precisas terminologias. Nunca se viu uma lenda sobre
Oxalufã ser repassada utilizando "Oxalá", por exemplo.
Ou ainda, a lenda sobre
Oxum Apará e Iansã ser generalizada à Oxum e Iansã. Esta situação de Oxum Apará e Iansã é um excelente exemplo.
Oxum Apará é uma qualidade guerreira de Oxum, a doce moça que não gosta de
guerras. Essa diferença, por menor que seja, se faz muito necessária para sua
distinção com as outras qualidades deste Orixá.
Assegurando-me neste raciocínio é que ouso dizer que teremos então dois Orixás femininos diferentes, com características muito próximas: Obá e Iansã. Desta afirmação estende-se também a um outro entendimento: de que são Orixás gêmeas.
Enquanto há o entendimento das
duas serem o mesmo Orixá (como mencionado, qualidades diferentes), a lenda da
orelha de Obá funde-se como sendo também de Iansã, principiando e justificando
a quizila de Oxum e Iansã.
Disto, entendamos então que Obá é outra guerreira. Na verdade a maior guerreira de todos os Orixás. É ela que forja as armas, até mesmo de Ogum, ensina a arte bélica a todos os Orixás que se utilizam dela e inclusive, depois os derrota.
O único Orixá que não
foi derrotado por ela foi o maior guerreiro do panteão. O astuto Ogum, daí
surge a tão falada desavença entre ela, Obá e o guerreiro Ogum, o maior de
todos os amores do panteão.
O amor mais intenso e
sofrido. A cólera mais dolorida e o ciúme mais doentio. Com isso, é tida como guardiã das mulheres em geral, dos sentimentos
e sofrimentos femininos relacionados ao amor.
Características das filhas de Santo de Obá
Ciúme, coragem exacerbada e teimosia
são os pilares principais das características dessas filhas. Incansáveis, lutam
por tudo que aos outros parece impossível. Amores platônicos, causas perdidas,
sonhos inalcançáveis.
Muito possessivas também. Com essas
informações podemos deduzir o porquê das filhas de Obá, geralmente, não terem
muita sorte no amor. Sendo assim, acabam canalizando suas fontes de energia à
carreira profissional, tendo grande sucesso na maioria das vezes.
Muito difícil adquirirem
novas amizades, já que sua sinceridade desenfreada assusta e magoa as
pessoas, porém, aqueles que conseguem entregar sua amizade a uma filha de Obá,
encontrará uma grande amiga, fiel e extremamente companheira.
=o=o=o=o=o=o=o=o=o=|||=o=o=o=o=o=o=o=o=o=
OGUM
Sincretismo | São Jorge |
Dia da semana | Terça -feira |
Elementos | Terra (estradas e caminhos em quaisquer
lugares) |
Domínios | Persistência, coragem e determinação |
Cores | Azul escuro e algumas tonalidades do verde |
Plantas e ervas | Agrião, Limão Bravo, Espada de São Jorge, Lança de São Jorge, dentre outras |
Plantas e ervas | Agrião, Limão Bravo, Espada de São Jorge, Lança de São Jorge, dentre outras |
Ogum ou Ogí é irmão de
Exú e Oxossi. Certamente o Orixá masculino mais popular no Brasil. O lendário e
implacável guerreiro, grande parceiro de Exú, tem grande estima também no
panteão africano.
O guerreiro é um Orixá
novo, pois inicia sua participação com o advento do ferro e sua forja. Essa
visão o coloca em uma posição também de protetor da inovação, do progresso
tecnológico e industrial.
Também como senhor da
guerra (não só pela valentia, mas também pela estratégia bélica), ganha muita
popularidade por suas vitórias, principalmente contra Obá, a grande guerreira.
Esta havia vencido,
exceto Ogum, todos os outros grandes guerreiros do panteão. Quando Ogum
foi desafiado, estudou minunciosamente a inimiga e estrategicamente
preparou um amalá (comida) de quiabo que deixou no chão, perto de onde
guerreariam. Durante a luta, levou a grande Obá a este local, que escorregou.
Quando caiu, o jovem guerreiro a possuiu,
sendo seu primeiro marido. Esta resumida lenda fala muito
deste Orixá. Amante do sexo e o mais desejado dentre todos os outros; astuto e
valente, é absolutamente compreensível que seu arquétipo tenha ganhado tanta
popularidade.
É muito conhecido por
abrir os caminhos, sejam eles quais forem. Na mata, na água, no céu. Ele cria
estradas novas e protege os filhos nos caminhos antigos.
Características dos filhos de Ogum
Os filhos de Ogum são
muito extrovertidos e charmosos. São muito populares entre as mulheres e nem
sempre é por sua beleza, mas sim, pela sensualidade e charme exacerbado que carregam.
Com isso, possuem grande
dificuldade em estabelecer relacionamentos sérios e não são muito adeptos à
monogamia.
Ardiloso, tende a
controlar seus primeiros instintos, mas perdendo sua paciência (o que não é
muito difícil), é explosivo e agressivo como nenhum outro Orixá.
Teimoso e até mesmo
prepotente, tende a não ouvir conselhos e sempre realiza as coisas ao seu modo.
Tudo em Ogum é muito intenso.
Os homens que possuem
seu Ori (cabeça) entregue a Ogum tendem a ser os melhores parceiros sexuais, mas
não necessariamente os melhores amantes. Preferem demonstrar sua virilidade a
muitas parceiras antes que o amor os prenda.
Batalhador e muito
determinado, sempre cria saídas para as dificuldades próprias. Está sempre
abrindo novos caminhos onde outras pessoas não vislumbram uma passagem.
Quando o ajuntó (2º
orixá de cabeça) do filho de Ogum não ameniza essa intensidade, há um risco
muito grande de uma vivência superficial, por isso esses filhos necessitam
conhecer suas qualidades e defeitos tão acentuados a fim de evitar o viver
intenso de situações novas a cada dia, causando a falta de estofo, sendo
consideradas assim, pessoas vazias.
=o=o=o=o=o=o=o=o=o=|||=o=o=o=o=o=o=o=o=o=
OMULU- OBALUAIYÊ
Sincretismo | São Lázaro |
Dia da semana | Segunda-feira |
Elementos | Terras submersas |
Domínios | Saúde |
Cores | Preto e Braco |
Plantas e ervas | Folha de Mamona, Folha de Mostarda, Picão, Jurubeba, dentre outras |
Plantas e ervas | Folha de Mamona, Folha de Mostarda, Picão, Jurubeba, dentre outras |
Para entendermos o que
representa Omulu-Obaluaiyê é necessário indagar o fato deste Orixá ser
representado por dois nomes. Um dos entendimentos adotados é de que seria
apenas um nome composto ou ainda, duas palavras com o mesmo significado,
oriundas de duas nações diferentes.
A que adoto interpreta
esses dois nomes com qualidades diferentes de Xampanã, advindas dos Tapas. Um
bom exemplo a se utilizar seria o caso de Oxalá, que possui duas outras
terminologias: Oxalufã (Oxalá velho) e Oxaguian (Oxalá novo).
O mesmo aconteceria com Xampanã, Omulu
(Xampanã velho) e Obaluiyaê (Xampanã novo), porém, como Xampanã representaria
também a morte e a doença, acabou tornando-se um nome evitado no Candomblé,
unindo-se então Omulu-Obaluiyaê.
Mesmo sendo este Orixá muito
mais velho que Ossaim, quando as duas culturas se encontraram houve
um choque. Ambos carregavam funções parecidas na medicina. Como de costume, cada qual se adequou a
uma função. Ossaim é hoje o Orixá conhecedor das ervas e plantas, inclusive as
medicinais, porém, é Omulu-Obaluiyaê o Orixá que rege sobre a cura e a doença.
Também há lendas diferentes
sobre sua origem. Nanã, sua mãe o havia abandonado por não ter gostado de sua
aparência (problemas na pele como hanseníase). Quem o adotou e o salvou foi Yemanjá. A segunda versão se
refere à aparência ruim da criança por um ferimento provocado por um
caranguejo, já que sua mãe o havia abandonado na praia.
Yemanjá cuida da criança
o adotando até os dias de hoje como seu filho. Esta segunda versão ainda sugere
que seu capuz de palha da costa (aze) é obrigatório, pois o seu domínio sobre a
vida e a morte lhe tornou em pura luz, sendo a irradiação e luminosidade tão
intensas, que cegaria as pessoas. Diferente do entendimento de que usaria o aze
para cobrir a aparência.
Em todos esses casos,
temos este Orixá com os dois lados da moeda: a epidemia e a cura, a princípio
com o caráter punitivo.
Hoje o podemos entender
como o sacerdote que possui acesso a uma "Caixa de Pandora". Não há
possibilidade de conhecer e trazer ao mundo a cura se não houver a doença.
A somatização de
problemas, criação, manutenção ou até mesmo a permissão de contato com energias
negativas, nos desequilibra energeticamente e espiritualmente, podendo
acarretar em problemas de saúde que estão em poder deste Orixá.
É simples como o
processo de ficar gripado. O homem que sai sem camisa, na garoa de uma noite
fria, depois de tomar um banho quente,
provavelmente encontrará o que busca.
Os filhos
"protegidos" estarão muito mais "agasalhados", evitando até
mesmo a gripe vinda dos ventos soprados por outras pessoas em direção a eles.
Para toda gripe há o
remédio, porém infelizmente, esta última frase não nos cabe como exemplo. Como
em todas as questões no Candomblé e de forma mais visível na saúde, há uma
grande diferenciação na "gripe" que pode ser curada e na que não pode.
Como bem exemplifica o
Babalorixá Ogí Faraungê, se temos de carregar, como Karma, uma mochila
com dez quilos de peso nas costas, não será possível nenhuma intermediação.
Em algumas vezes, por
muitos motivos, acabamos somatizando pesos extras. A religião, a fé e o
merecimento podem ajudar a aliviar a caminhada do indivíduo retirando
exatamente esse peso extra e posteriormente, auxiliar que esse filho não
coloque mais pedras na mochila.
Há casos onde o
necessário para sua caminhada são cem quilos. Este fardo foi escolhido pelo
próprio filho a carregar nesta encarnação e ele precisará carregá-lo sozinho.
Esse entendimento clareia
muito a questão da doença advinda da "Caixa de Pandora" de
Omulu-Obaluiyaê exemplificada acima. Tudo está ligado à evolução da pessoa e no
seu Karma, bem descrito no espiritismo.
Características dos filhos(as) de Santo de Omulu-Obaluiyaê
Na dramaturgia, o grande autor
parisiense Jean-Baptiste Poquelin, mais conhecido como Molière, retrata muito
em suas obras o estereótipo desses filhos. "O Doente Imaginário" é
uma excelente leitura para aqueles que queiram se aprofundar no conhecimento
dessas características.
Sempre reclamando da vida, por vezes
até hipocondríacos, esses filhos nunca estão contentes com nada.
Nisso também se vê o lado benéfico
do arquétipo. São filhos capazes de carregar uma enorme somatização de
problemas psicológicos. Essa amargura que carrega não é com os outros, mas
consigo mesmo, entendendo que tudo que lhe acontece seja até mesmo por algum
tipo de punição.
Gostam de ficar sozinhos. Podem até
se relacionar com muitas pessoas, porém, acaba sendo superficial nesses
relacionamentos, preferindo se recolher no próprio aze!
Embora muitas vezes se mostrem depressivos e pessimistas, são pessoas capazes de tirar a própria roupa do corpo para ajudar o próximo.
=o=o=o=o=o=o=o=o=o=|||=o=o=o=o=o=o=o=o=o=
OSSAIM
Sincretismo | Santo Expedito, São Roque ou São Benedito;
dentre outros |
Dia da semana | Quinta-Feira |
Elementos | Folhas e Ervas |
Domínios | Medicina e Liturgia |
Cores | Verde e Branco |
Plantas e ervas | Lágrima de Nossa Senhora, Amendoim, Gitó-carrapeta, Comigo Ninguém Pode, dentre outras |
Plantas e ervas | Lágrima de Nossa Senhora, Amendoim, Gitó-carrapeta, Comigo Ninguém Pode, dentre outras |
Em meados da década de
sessenta, o grande poeta Vinicius de Moraes homenageia este Orixá com a música
"Canto de Ossanha": http://www.youtube.com/watch?v=JfoeQuMPbbM&feature=related
Como muito bem descrito
na obra do gênio, a magia, obscuridade, mistério e segredos fazem parte deste
Orixá que recebe nomes como Ossaim, Ossânin, Ossonhe, Ossãe e a forma mais
popular, Ossanha.
Fato este que
desencadeia o equivocado raciocínio de que seria este um Orixá feminino, já que
o suposto gênero empregado na sufixação da palavra seria o sugestionado.
Ossaim é Orixá masculino. Em
sua sexualidade, pouco se fala, pois é muito mais reservado a si e seus
constantes estudos do que a aventuras sexuais. Sabe-se apenas de seu
envolvimento com Iansã e posteriormente com Oxossi.
Este é o grande Mago
Merlim, em todas as suas atribuições. Reservado e litúrgico está sempre
entranhado às matas suas e de Oxossi.
Embora esteja ausente na
maioria dos acontecimentos entre os Orixás, vez que enquanto guerreiam,
discutem, se amam, ele trabalha minunciosamente; é o Orixá mais presente no
Candomblé. Essa controvérsia se faz pelo fato de ser o dono do Axé e do
conhecimento mágico das folhas e ervas.
Um dia já foi dono
de todas, porém, como manipulava seu conhecimento sem dividi-lo com os outros
Orixás, causou desconforto no panteão, pois poderia passar a manipulá-los em
troca de seus favores litúrgicos.
Iansã, com quem se relacionava, pediu-lhe que
dividisse seus segredos, assim como com todos os outros Orixás. Negando, a
rainha dos ventos fez surgir um furacão que espalhou suas plantas e ervas,
permitindo a divisão.
Ele deixou de ser o dono
de todas as plantas, porém, continuou sendo o único Orixá conhecedor dos
poderes emanados de cada uma e a forma de evocá-los, sendo necessário seu Axé a
qualquer obrigação que se utilize folhas e ervas (a maioria), independente a
quem se oferece a comida.
Ele é considerado
protetor da maioria das artes. Principalmente do ator, músico, enxadrista,
escritor e artesão. Não pelo fato do trabalho em conjunto dos atores e músicos
em uma peça, muito pelo contrário.
Faz-se presente no
trabalho exaustivo e individualista do ensaio, da lapidação, da tentativa de se
estudar racionalmente o método mais eficaz de evocar o sentimento. Ossaim tem o controle absoluto sobre esta
balança de Aristóteles. Ele chega a ser esta própria balança, onde o controle
racional e emocional proporciona o equilíbrio.
Ossaim é a poesia, o cheiro de
terra molhada; Ossaim é pura Cora Coralina. Já foi considerado médico, mas
com a junção dos cultos a ele e Omulu-Obaluiyaê, fez-se a divisão da seguinte
forma: Enquanto Omulu-Obaluaiyê é responsável pela doença e pela cura, Ossaim
guarda os segredos e conhecimentos da cura através da liturgia, emprestando
este conhecimento a Obaluiyaê.
Além das plantas, muito
pouco comentado é o fato de ter conhecimento e muita aproximação com os
pássaros. É com eles que conversa em seu retiro diário. Essa representação está
na haste com sete lanças que carrega, tendo um pássaro no topo delas. Ossaim é a sensibilidade, o despojo e
a concentração.
Características
dos filhos(as) de Santo de Ossaim
O amor e o sexo lhe fazem bem, mas
ficam sem eles facilmente. A roupa que usam é a que lhes é mais confortável.
Dificilmente opinam, já que preferem debruçar sobre o problema para que tenham
a certeza e nunca um palpite.
Os filhos de Ossaim ficarão
extremamente felizes se pedir a eles que resolvam situações enigmáticas. Algo
que precisem de total concentração e esforço individual.
Quanto mais tempo precisarem gastar para isso,
mais felizes estarão. Cultos, introvertidos e caseiros, preferem uma boa
leitura a uma reunião entre amigos.
Toda pessoa que o possui como
eledá (primeiro santo) tem grande tendência a não encontrar afinidades com
ninguém, pois estes filhos são muito raros.
Historicamente se explica de maneira
muito clara. Em uma região antiga, observam-se muitos guerreiros, mas
pouquíssimos magos.
Com caráter extremamente justo, se
fazem diferentes neste quesito aos filhos de Xangô por um único motivo: Xangô
impõe a justiça e Ossaim "tem mais o que fazer".
Muito ritualísticos, são,
na maioria das vezes, grandes adeptos à religiosidade. A repetição das coisas.
Os antigos sacerdotes egípcios são considerados até hoje como os melhores
exemplos do arquétipo de Ossaim.
=o=o=o=o=o=o=o=o=o=|||=o=o=o=o=o=o=o=o=o=
OXALÁ
Sincretismo | Jesus Cristo |
Dia da semana | Sexta-Feira |
Elementos | Atmosfera |
Domínios | Fertilidade Masculina, paz e criação |
Cores | Branco |
Plantas e ervas | Alecrim do Campo, Lírio Branco, Araçá, Barba de Velho, Camélia, Camomila, Laranjeira, Patchouli, Rosa Branca, dentre outras |
Plantas e ervas | Alecrim do Campo, Lírio Branco, Araçá, Barba de Velho, Camélia, Camomila, Laranjeira, Patchouli, Rosa Branca, dentre outras |
Este é o Orixá com maior
influência do sincretismo e principalmente por este fato, o mais conhecido não
só entre os iniciados, mas por todas as pessoas que já ouviram falar em Candomblé.
Oxalá é muitas vezes
chamado por Babá Igbô. Isso acontece por ter sido o rei dos Igbôs, um dos povos
antigos do Candomblé. Antes disso, o panteão era matriarcal, tendo no topo da
hierarquia, Nanã Buruku e foi exatamente Oxalá que "toma" o trono de
Nanã outorgando uma nova sociedade patriarcal.
Deste princípio básico
extrai-se o entendimento do sincretismo a Jesus Cristo. Há outros fatos que também colaboram pra isso, como por
exemplo, ser Oxalá o Orixá responsável pela criação de todos os seres.
Olorum ou Olodumaré, o Deus supremo, criou
Oxalá e presenteou o filho com o céu. Quando este céu se ergueu, tocou o oceano
no horizonte, encontrando-se com Yemanjá. Este ato de amor gerou a maioria dos
outros Orixás do panteão.
Como aquele que viveu
mais tempo que os seus filhos, adquire a sabedoria necessária para poder
orientá-los e é sempre se baseando em situações semelhantes já ocorridas no
passado que os aconselha.
Os outros Orixás não o
têm em classe hierárquica diferenciada, uma vez que isso não existe entre eles;
mas possuem um respeito como filhos. É Oxalá que recebe o barro e esculpe os
seres humanos (no Candomblé a figura de Deus - Olorum, limita-se apenas à
criação inicial).
Presume-se que a
etimologia da palavra tenha decorrido da seguinte forma: Obatalá, o grande
Orixalá → Oxalá. Orixalá significa o orixá dos orixás.
Tudo isso faz com que a
concepção do arquétipo deste orixá seja demasiadamente cristã, porém, em sua
grandiosidade histórica, cultural e filosófica; o Candomblé acolhe a divindade
àquilo que é mais próximo aos sentidos humanos: fontes de energias da natureza.
Responsável pela
determinação de que Orixá será o dono do Ori de cada filho, possui grande
responsabilidade pela harmonia e equilíbrio. É sempre com a paz que rege
os conflitos e quizilas entre os Orixás.
Um excelente exemplo
disto é a transição de fechamento e abertura de ano que se faz no Candomblé.
Todo ano é regido por um Orixá como primeiro santo e um ajuntó.
Caso o Orixá que fosse
reger o ano seguinte tivesse quizila com o Orixá que regeu o anterior, seria
impossível a "entrega" do ano de um pro outro. Por isso, quem recebe
o fim do ano é Oxalá, que entrega nas mãos de quem guiará o início do próximo.
Há lendas que propiciam
o entendimento de quizilas entre Exu e Oxalá, porém, essas seriam entre uma
qualidade específica de cada Orixá.
Dessas qualidades de
Oxalá, conhece-se muito Oxaguiãn (Oxalá como jovem guerreiro) e Oxalufãn (Oxalá
velho), porém existem muitas outras qualidades, como Lejugbe, Okó, Kajaprikù etc.
A ele pertence o branco,
soma de todas as cores; símbolo da paz.
É saudado com Eeepà Babà (pai)
por todos, inclusive os Orixás.
Características dos filhos(as) de Santo de Oxalá
Os filhos de Oxalá tendem
a possuir uma grande qualidade: paciência. A calma e o altruísmo
também, geralmente estão presentes nesses filhos.
Como em todos os outros casos, a personalidade
desses filhos varia muito com a qualidade deste Orixá, assim como seu ajuntó.
Cautelosos, são também muito
teimosos embora pareça ser esta uma situação díspar. Acontece que jamais
aceita conselhos. Pode ouvi-los, mas não os segue.
Preferem sempre estar apoiados em
sua própria segurança, utilizando-se de padrões próprios como referenciais. Com
isso, tendem a não aceitar mudanças drásticas, preferindo o conforto da
repetição.
São desprovidos de interesses
materiais e entendem que o que lhes acontece é sempre uma questão de
merecimento. Ao contrário do que dizem, não são desinteressados pelo sexo,
muito pelo contrário, uma vez que Oxalá é o Orixá da reprodução masculina.
Apenas tratam este assunto com mais
seriedade que os demais. Há valores preciosos que circundam o ato sexual para
esses filhos.
Tendem a ser pessoas muito sábias,
mas nem sempre estudadas. Preferem a prática, a tentativa e autodidatismo; o
que em muitas vezes os afasta da originalidade, já que estão sempre repetindo o
mesmo procedimento para as diferentes situações.
=o=o=o=o=o=o=o=o=o=|||=o=o=o=o=o=o=o=o=o=
OXOSSI
Sincretismo | São Sebastião |
Dia da semana | Domingo e Segunda-feira |
Elementos | Ar |
Domínios | Felicidade e ingenuidade |
Cores | Verde ou Azul (Entre azul de Yemanjá e azul de Ogum) |
Plantas e ervas | Alfazema, Goiabeira, Groselha, Capim-Limão, dentre outras |
Plantas e ervas | Alfazema, Goiabeira, Groselha, Capim-Limão, dentre outras |
Eis aqui o primórdio da
humanidade. O pré-histórico. Odé é o Orixá primitivo que vive nas matas. Este
Orixá é muito mais popular no Brasil do que na própria África, vez que era
muito presente na nação de Keto que foi dizimada no século XIX pelas tropas do
rei de Daomé.
Os habitantes da nação
de Keto se tornaram então escravos, sendo vendidos para o Brasil. Aqui houve
grande identificação com o povo indígena e por isso se explica muito bem seu
estereótipo indígena.
Oxóssi tem a garra,
força e virilidade de seu irmão Ogum, mas essa energia é canalizada em outras
virtudes. Não é na guerra, na explosão violenta ou na sexualidade como Ogum,
mas sim, na sapiência e destreza de caçador.
Dizem que ele não ouviu
sua mãe (Yemanjá) e acabou caindo nos encantamentos de seu outro irmão, Ossaim,
então sendo atraído pelas matas. Há muitas versões desta lenda, mas o mais
interessante aqui é o apontamento para informação principal: Oxóssi não é
descuidado, mas sofre por acreditar piamente no próximo.
Em uma das suas diversas
lendas, diz que sua origem se deriva de uma festa, onde estavam todos os
habitantes da nação. Em determinado momento, uma grande ave passou a sobrevoar
o vilarejo, evitando assim que a claridade do dia lhes fosse concedida.
O sinal de mal presságio precisava ser
desfeito, então o rei ordenou que seus principais caçadores eliminassem a ave.
Oxotogun, o caçador das vinte flechas não obteve sucesso em nenhuma das suas
tentativas.
O fracasso também se
repetiu com o grande arqueiro Oxotogi (arqueiro das quarenta flechas) mesmo com
tamanha profusão numérica de flechas. Oxotôkanxoxô, o arqueiro de apenas uma
flecha e sua mãe, consultaram um Babalaô que lhes informou sobre a oferenda
necessária às divindades.
Assim o fizeram. O
arqueiro, silenciosamente, observou a ave por longos minutos. Contraiu a
musculatura, ergueu o arco e permaneceu parado sem movimentar sequer um
músculo.
Quando descobriu o ponto
fraco do inimigo, com uma única flecha, a lançou de forma rápida e certeira.
Desta lenda muita coisa
se compreende a respeito deste Orixá.
Ossaim e Ogum utilizam-se da
mata com outros valores. Enquanto a solidão de Ossaim é derivada de sua
necessidade de concentração para utilização de seu ofício, a liturgia; Oxossi
tem um isolamento mais espiritual. É a busca pelo autocontrole que lhe deixa
quieto.
Enquanto Ogum destrói as
matas em beneficio de suas conquistas territoriais, aberturas de novos
caminhos e evolução tecnológica, Oxossi apenas caça para seu sustento. Oxossi é
o protetor da caça e do caçador.
Entende a necessidade da cadeia alimentar e é
só o que respeita. É contra a caça desenfreada e desnecessária.
Ao contrário do
pensamento lógico, Oxóssi não representa a agricultura. Esta atividade foi de
Nanã a princípio, sendo posteriormente repassada a Orixás mais novos.
O dono da mata está naquilo que é fornecido
sem a mão do homem. O plantio é um estado evolucionário posterior a esse Orixá.
Os animais de seu domínio são apenas os animais de patas, sejam elas quantas
forem.
A cobra, por exemplo, além de não estar sobre
sua proteção e seu domínio é um animal com grandes quizilas com este caçador.
Oxóssi, referente à
sexualidade, é o equilíbrio entre a falta de necessidade de Ossaim e o desejo
desenfreado de Ogum. Dentre alguns relacionamentos mencionados no panteão o que
mais se marcou foi com Oxum, com quem teve Logunedé como filho. Mais precisamente Odé (Oxossi) na
qualidade de Bitalá Inlé, casado com Oxum Pandá. Porém, sua exacerbada
necessidade de liberdade não o permite criar laços e raízes.
Características dos filhos(as) de Santo de Oxóssi.
A tendência física destes filhos
está na agilidade. Estão sempre embasados, em tudo o que fazem, na sua forte
necessidade de independência e rompimento de laços, sejam eles quais forem.
O gosto por ficar calado, pensativo
é o que lhes dá a destreza da concentração e da observação. Costumeiramente
reservado, prefere não emitir suas opiniões sobre assuntos e casos alheios,
assim como seu irmão Ossaim.
Não gostam de fazer julgamentos
sobre os outros e consequentemente odeia que o façam também. Não por ego como
na maioria das vezes entendem, mas apenas por não gostar de intrusões humanas.
Mande esse filho acampar uma semana
em uma mata fechada com uma faca e um quilo de sal e ele estará literalmente em
casa. Prefere o suburbano e a retidão do que a evolução humana inconsequente e
sem valores.
Detentores de grandes princípios,
são excelentes cônjuges, uma vez que se resolve contrair uma união, dificilmente
seria capaz de desfazer esta família. Pode parecer contraditório a princípio,
vez que os filhos deste Orixá estão sempre prezando pela liberdade, porém, é na
família que se reconhece e faz dela sua moradia.
Para a mata segura (pra ele) e quieta que ele
fica em paz. Isso, claro, desde que sua liberdade não seja privada. Se apertar
demais um filho de Oxóssi ele corre antes de explodir.
Muitos responsáveis, são
determinados em garantir o sustento da família, mas não são ambiciosos. A
fartura que lhes é indispensável é a dos valores morais, alimentos e
construções sólidas de vivências.
Oxóssi só caça o que vai comer. Se
comem muito, que se traga muito para casa, porém, nada a mais que isso. Jamais
caçaria um segundo bicho vislumbrando o lucro que lhe traria.
A dificuldade em se relacionar com
outras pessoas é de fácil entendimento, porém, se cativar a confiança desta
pessoa, tenha uma de suas maiores amizades nele.
Os filhos de Oxóssi são, geralmente,
muito charmosos. Longe dos filhos mais encorpados de Xangô e nem tão musculosos
como os filhos de Ogum, definem-se na maioria das vezes por seus corpos esguios
e magros. Uma magreza forte e determinada. Corpo firme e ágil.
Longe do entendimento geral, não são
filhos "bichos do mato". São também vaidosos e requintados. A
simplicidade que carrega está na alma e não no corpo.
=o=o=o=o=o=o=o=o=o=|||=o=o=o=o=o=o=o=o=o=
OXUM
Sincretismo | Nossa Senhora da Conceição |
Dia da semana | Sábado |
Elementos | Água doce |
Domínios | Riqueza, sensualidade, amor, gestação,
maternidade |
Cores | Amarelo ouro |
Plantas e ervas | Erva Cidreira, Ipê Amarelo, Gengibre, Palmas Amarelas, Chuva de Ouro, dentre outras |
Plantas e ervas | Erva Cidreira, Ipê Amarelo, Gengibre, Palmas Amarelas, Chuva de Ouro, dentre outras |
Delicadeza definiria
integralmente este Orixá feminino. Dessa característica desdobram-se todas as outras.
É o tema principal de todas as suas lendas e arquétipo.
De aguçada inteligência,
é astuta o suficiente para preferir a diplomacia à guerra. Apesar de ter qualidades de santas
guerreiras (Oxum Apará, a mais guerreira, por exemplo), prefere fazer-se de
frágil e dócil. Fez Xangô carregar seu pai (Oxalá) nas costas no dia de seu
casamento.
Casada com Xangô e amante de Ogum, fez com que
o marido a salvasse da profundidade do rio em que se afogava. Literalmente dá
nó em pingo d'água. A leveza de sua correnteza desvia-se da grande e poderosa
rocha que está no seu caminho evitando confrontá-la e admitindo sua
superioridade.
Enquanto admite essa
superioridade, dia a dia, desgasta a rocha, que quando perceber, será tarde
demais. Estará em pura erosão.
A mais bela e sensual de
todas as outras, desfere inveja às outras mulheres do panteão africano. Sua
sensualidade é devastadora e perigosa.
Oxum é ardilosa. Possui
o principal "odum"(signo) de fala. Da fofoca à boa lábia.Suas cores
acompanham a vaidade.
Muito antigamente, ainda
restrito ao panteão africano, sua cor era o cobre (cor hoje concedida a uma
qualidade de Iansã), uma vez que era o metal mais valioso. No Brasil, foi
sempre associada ao amarelo, cor do ouro.
Às joias e a tudo que
for valioso. Oxum é vaidosa ao extremo, tanto por vontade de se agradar quanto
chamar a atenção.
Na sua posição materna é
protetora da gestação. Assim como Oxalá (referente aos homens), é responsável
pela fertilidade, só que especificamente feminina.
Há três mães: Oxum, Yemanjá e Nanã. Como de costume, variações de filosofias e entendimentos.
Há três mães: Oxum, Yemanjá e Nanã. Como de costume, variações de filosofias e entendimentos.
A que me atenho é a de que
Oxum é a mãe protetora da criança (que ainda não possui eledá e nem ajuntó, só
os terão em sua transição - cerca de 6 a 8 anos de idade) desde a gestação até
o momento em que a criança passa a desenvolver a fala.
Caso a criança tenha
deficiência na fala, será caracterizada pelos desenvolvimentos motores finos.
Neste momento então, a criança passa a ter como mãe Yemanjá, que a entrega nos
braços de Nanã no momento de seu desencarne.
Ou seja, as outras duas mães passam muito mais
tempo nos abraçando: Yemanjá por
todo o restante da vida e Nanã, na vida em outro plano, porém, Oxum está
presente nos nossos primeiros passos, nos recebendo para esta vida e acalentando
no útero materno.
É doce e angelical com
as crianças como nenhuma das outras.
Oxum é a energia das
cachoeiras e rios. Há o entendimento de que quanto mais superficial se
analisar, mais se encontrarão as qualidades de santo amáveis de Oxum.
Quanto mais profundo
procurar, mais as qualidades guerreiras estarão. Oxum possui 16 qualidades de
santo, mas de Oxum Obotó (a mais suave e feminina) à Ipondá, Kerê e Apará, (as
mais guerreiras), em todas sempre encontrará a meiguice feminina. A Oxum também
está ligado o sexo. Não desenfreado e intenso como o de Iansã (mas não
inferior), mas sensual e romântico.
É o Orixá responsável
pelo amor. Amor a tudo. Se há o amor no trabalho ela rege sobre as
características de Xangô. Se há o amor ao dinheiro, está regendo com Exú.
Há Babalaôs que entendem ser
ela a protetora das Artes. Eu especifico que ela está na arte requintada. Peças
e obras de arte caras e luxuosas. Não a arte de Xangô ou Ossaim.
Aos amantes e sonhadores, que
tenham sua Oxum sempre presente.
Características dos filhos(as) de Santo de Oxum.
O arquétipo deste Orixá acaba
confundindo os leigos ao interpretarem que as filhas deste Orixá seriam pessoas
quietas, delicadas demais ou até mesmo frágeis.
Engano! Essas pessoas, muito provavelmente
terão como eledá a Ewá.
Para podermos vislumbrar essas
características, darei um exemplo muito utilizado no Candomblé quando se tenta
explicar sobre as filhas e filhos de Oxum.
Nosso falecido Presidente da República
Tancredo Neves sempre foi apontado como filho de Oxum. Essa situação sempre
ocorreu pela sua maneira de governar: cheio de meandros, conciliações,
confabulações e intenso trabalho de bastidor.
Sempre disfarçado por uma aparência
tranquila, escondia muita ironia e inteligência rápida. Essa ardilosidade pode ser qualidade
ou defeito, dependendo de como usada. As pessoas regidas por essa
energia têm o Axé do dinheiro e riqueza, porém, não estão garantidos
financeiramente. Este Axé é muito melhor empregado quando se casam com alguém
que possuem um Orixá de frente como Ogum, Iansã ou Exú. Esses três são batalhadores e com o
Axé de Oxum da pessoa que contraem união (Os eledás e ajuntós trabalham em
conjunto no casal) conseguirão a riqueza desejada.
Oxum gasta mais do que ganha. Fala
mais do que faz. Está sempre fadada ao narcisismo e a falta de controle sobre
ele pode levá-la a grandes depressões. O estereótipo perfeito de quem a tem
como dona do Ori seria o de pessoas gordinhas sorridentes, porém, muito
dificilmente encontrará esses(as) filhos(as) acima do peso, pois a vaidade não
lhes falta.
Sofrem de amor muito mais do que as
outras pessoas e são extremamente dependentes dele. Quando amam e são amados
são felizes no restante. Agora, se lhes faltam o amor, nada na vida lhes faz
sentido.
=o=o=o=o=o=o=o=o=o=|||=o=o=o=o=o=o=o=o=o=
OXUMARÊ
Sincretismo | São Bartolomeu |
Dia da semana | Terça-feira|
Elementos | Ar e terra |
Domínios | Movimentação e ciclos |
Cores | Todas as cores do Arco-Íris; amarelo e verde |
Plantas e ervas | Graviola, Ingá-bravo, Cavalinha, Palmeira, etc. |
Plantas e ervas | Graviola, Ingá-bravo, Cavalinha, Palmeira, etc. |
Em 133 a.C., o grande
império Romano invadiu e conquistou a Grécia. Como em todas as suas outras
conquistas territoriais, teria o ensejo de dominar aquela civilização não só
militarmente, mas principalmente, culturalmente.
Impor sua língua, seu
hábitos, religião, mitologias e costumes. Mas bem se sabe que não foi assim que
ocorreu. Roma declinou-se, pela primeira vez a um inimigo.
Grécia era tão rica e coesa em sua cultura que
o romano acabou bebendo desta fonte. Foi dominado por tamanha beleza e maestria
de uma civilização que nos serve de referência até hoje. A conquista aqui foi
contrária...
O mesmo aconteceu com a
conquista territorial dos Yourubás aos Daomeanos. Conquistaram o espaço geográfico através da força, mas
entregaram-se à sua cultura e divindades. Daí temos a inserção de Orixás como
Oxumarê, Iroko, Omulu, Obaluiyaê e Nanã Buruku.
Acontece que quando essa
"miscigenação" de culturas ocorre, os Yourubás não possuem
o discernimento de apenas assimilá-la. Tentam encaixá-la em sua própria
maneira de contar as histórias.
Isso é muito presente nas lendas de Oxalá e
Nanã; onde o controle matriarcal de uma civilização (Daomeanos) deve ceder ao
controle patriarcal dos Yourubás.
Este contexto histórico
permeia toda a origem, entendimento e descrição de Oxumarê.
Este Orixá é um dos mais ricos
em sua mitologia e símbolos, sendo, portanto, completamente impossível uma
assimilação idêntica por mais de uma cultura. Muitos contextos sociais e
religiosos permeiam sua mutação durante todo esse longo período histórico; do
seu nascimento aos dias atuais
Em uma de suas lendas
mais antigas e, talvez, muito pouco contaminada, dizia que Oxumarê era um
Babalaô antes de se tornar um Orixá. Carregava consigo o dom da leitura do Ifá,
sendo então um Babalorixá, mais espeficamente.
A continuidade da lenda
talvez tenha bastante influência, então nos atenhamos a este fato. Oxumarê está
ligado ao místico, sobrenatural e mistério. Tornou-se Orixá, pois suas
previsões claras faziam mal à humanidade, pois não possuíam segurança e
evolução suficiente para lidarem com as previsões do destino.
Então Oxumarê foi se distanciado dos homens.
Desceria à terra de três em três anos para poder auxiliar pessoas com sua
mediunidade. Este é o princípio filosófico que desencadeia uma série de
observações a este Orixá.
Observemos atentamente que sua divisão de
vivência entre a terra e o ar está ligada à evolução espiritual. Tanto a dele
próprio, quanto daqueles que precisam dele.
Isso posteriormente é representado por sua
divisão entre o Arco-Íris e a Cobra. Durante
seis meses está ligado ao espaço, às situações espirituais e nos outros seis
meses à terra, na forma que mais se tem contato com ela: a cobra.
Não possui pernas e
então está fadada a estar entregue de forma inteira com seu corpo no contato
com o chão.
Há aqui o conceito
primordial de seu arquétipo: a dualidade HUMANA. A ligação com a vida terrena e
o plano espiritual, por exemplo. A ligação do homem com sua religião.
Oxumarê está ligado
diretamente ao corpo humano através da constante renovação de suas células.
Elas morrem e nascem diuturnamente, independente de qualquer coisa.
Este ciclo tem sua
mitologia no constante andar da cobra, que pode morder o próprio rabo e girar
em sentido cíclico eternamente.
Esta renovação é muito
diferente da renovação de Oxaguiãn, por exemplo. Não é a destruição do ruim
para construção do melhor, mas sim, o andar constante do destino.
O linear de seu irmão Iroko, representado pelo
destino e Karma da vida tem a vibração necessária de Oxumarê para que tenha
continuidade.
Prendo-me a este
esclarecimento puramente filosófico para que não nos contaminemos com as lendas
contraditórias e suas entranhas políticas e religiosas.
Isso ocorre, muito
claramente, quando os jesuítas, por exemplo, em sua missão de catequização
fazem a ligação direta ao mal que o animal peçonhento representa no Gênesis.
Hoje temos muito forte a
definição da dualidade entre bem e mal, certo e errado em Oxumarê. Este bem e
mal, Deus e demônio, são conceitos muito mais novos que o Candomblé.
Em nossa religião não há
certo ou errado, não há julgamento e muito menos preconceitos. Embora o castigo
fosse presente nestes Orixás Daomeanos, eram de forma completamente diferente
do contexto ocidental.
Há grandes complicações
também referentes ao sexo de Oxumarê. Se é masculino, se é feminino, se é seis
meses homem e seis meses mulher. Pesquisadores, iniciantes e até mesmo Babalaôs
possuem opiniões completamente divergentes.
Em meu entendimento,
apenas uma palavra é capaz de responder a todos os anseios de uma só vez:
androginia. É um Oríxá com os dois sexos nele mesmo ao mesmo tempo.
Seja enquanto é a
energia do arco-íris, que nos remete ao constante processo do nascimento das
chuvas: é no vapor da água que sua beleza é observada e posteriormente se
ocorre a liquefação, firmando-se o cíclico.
É enquanto leva a água
ao castelo de Xangô que podemos observar sua graça feminina. Depois, quando se
torna cobra, ou o "monstro", carrega seu perfil masculino; porém,
será sempre essa junção literária de "A Bela e a Fera".
Não há aqui a divisão de
gêneros, mas sim, a dualidade constante de sua homogenização. O claro e o
escuro do Barroco, o bonito que lhe parece feio e o feio que lhe parece bonito;
necessidade de escolhas, mudanças, alterações.
Novos ciclos. Isto é do
homem no seu perfil psicológico. Todo homem carrega em si a mulher e vice-versa
e isso não altera sua sexualidade. Orientação sexual não está ligada às
escolhas racionais do ser humano, mas de seus sentimentos e desejos.
Ainda preso a esta linha
de raciocínio, saliento a diferença sólida em se ter este Orixá como patrono
dos bissexuais ou homossexuais e o fato das pessoas com orientações sexuais
diferentes ao heterossexualismo serem proeminentemente filhos(as) deste Orixá.
Uma outra confusão
acentuada que se faz no Candomblé é a de que Oxumarê seria uma qualidade de
Oxum. Essa errônea afirmação se faz por três principais motivos. O primeiro
pela nomenclatura: Oxum→Oxumarê.
O segundo pelo local de entrega de suas
oferendas. A Oxumarê se entregam as obrigações em rios ou cachoeiras, uma vez
que está aí representada a água que em estado físico alterado se faz o
arco-íris.
É muito comum, em dias
ensolarados, se observar esse fenômeno nas gotículas que se espalham pelo ar,
quando forma-se a queda d'água. Portanto, não é à água doce de Oxum que se
entregam as obrigações de Oxumarê, mas sim, ao local de nascimento do
arco-íris.
O terceiro motivo é o de
que na Umbanda, religião completamente diferente do Candomblé, há o
entendimento de que se trata do mesmo Orixá. Confesso que conheço muito pouco
desta outra religião e como o foco é o esclarecimento pertinente ao Candomblé,
me atenho ao firme esclarecimento que são dois Orixás completamente diferentes.
Este tema é
tão controverso que até mesmo a manifestação de sua representação não tem
um denominador comum. Muitos pesquisadores e Babalaôs têm o entendimento de que
a representação masculina está na cobra e tantos outros, no arco-íris.
O que me faz recorrer à
esta linha de entendimento (de que sua representação masculina está na cobra) é
uma das mais antigas lendas sobre sua dualidade sentimental. Enquanto arco-íris, era a moça chamada
Bessém, que arrumava namorados, mas quando se transformava em cobra
("monstro"), fazia com que eles corressem.
A este fato revoltava-se
e colocava a culpa em sua mãe, Nanã Buruku. Entendia que essa mutação era um
"castigo" dos deuses, uma vez que o primeiro filho de Nanã, (Omulu),
foi rejeitado por ela mesma na areia e criado por Yemanjá.
Nasce daí então a
quizila entre Nanã e Oxumarê.
É dito que para Oxumarê
deve-se sempre ter comida, pois se um dia morrer, o mundo para e com ele também
morre. Esta é a principal energia a que devemos nos remeter quando pensarmos
nessa dualidade. O ciclo eterno e etéreo da terra.
Se não fosse este o
Orixá complexo e eu não encontrasse dificuldade em dissertar sobre ele, não
seria Oxumarê; pois sua dualidade que rege o mundo e o homem, está presente nas
opiniões divergentes, nas indagações e no constante desenvolvimento do homem e
do mundo.
Características
dos filhos de Oxumarê
Por mais redundante que pareça a
palavra “dualidade” neste tópico, ela sempre se fará necessária. Pessoas com
dificuldade de aceitação, com necessidade de constantes mudanças; estarão muito
próximas ao arquétipo de Oxumarê.
Tudo novo sempre: trabalho novo, relacionamento
novo, estilo de vida novo e por aí vai. A casa destes filhos nunca será igual.
Móveis alterados de seus lugares sempre, com pessoas diferentes sempre.
De humor completamente instável e
imprevisível, quem tem como primeiro santo este Orixá terá muita dificuldade em
firmar amizades. O preconceito não lhes pertence. Conseguem entender e apreciar
tanto o alto quanto o baixo, de forma igualitária.
Se homens, terão sempre a delicadeza
e sensibilidade feminina consigo (não necessariamente a feminilidade). Se
mulheres, o jeito prático e racional do homem, como adição às suas qualidades.
=o=o=o=o=o=o=o=o=o=|||=o=o=o=o=o=o=o=o=o=
XANGÔ
Sincretismo | São João Batista |
Dia da semana | Quarta-feira |
Elementos | Fogo (Chamas altas), Raios e Rochas |
Domínios | Poder, trabalho e justiça |
Cores | Vermelho e Branco |
Plantas e ervas | Alfavaca Roxa, Erva de São João, Morangueiro, Musgo sobre as rochas, Noz Moscada, Pessegueiro, Taioba, Urucum, dentre outras |
Plantas e ervas | Alfavaca Roxa, Erva de São João, Morangueiro, Musgo sobre as rochas, Noz Moscada, Pessegueiro, Taioba, Urucum, dentre outras |
Há poucas divergências sobre as
informações referentes a este Orixá. Isso ocorre pelo fato de ser muito
cultuado e conhecido no Brasil, principalmente nas regiões norte e nordeste do
país.
Nessas
regiões, por terem recebido escravos em grande número das nações de Xangô,
denominam a própria religião do candomblé pelo nome do Orixá. Xangô é então,
sinônimo de candomblé. O rei do panteão africano, marido de Obá, Iansã e Oxum.
O
homem maduro. Mais velho que os jovens Ogum, Oxóssi, dentre outros. É o homem com
seus 40 anos, já equilibrado e moldado à tempestividade juvenil.
Em alguns casos, o fato
de ter a posição de rei na mitologia africana, dá o entendimento de um grau
hierárquico diferenciado, o que não é correto.
Ele ocupa esta posição como aquele que está
atrás da mesa no julgamento. Como justo e coerente e não como superior aos
outros.
Ele possui o poder que
lhe é característico não pelo autoritarismo ou a repressão, mas sim, por sua
credibilidade. A justiça deste Orixá está no instrumento que carrega consigo: o
machado que corta para os dois lados. Não interessa a quem doa, justiça de
Xangô será sempre justa.
Na mitologia grega será
revestido de Zeus. Isto pela justiça aplicada, pelos raios preferidos e não pela
postura hierárquica, como já foi dito.
Possui uma das quizilas
mais conhecidas no panteão africano: com Ogum. Tudo ao fato da disputa do amor
de Iansã, que antes era esposa de Ogum, depois se tornou de Xangô e
posteriormente ficou com os dois. Casada com Xangô e amante de Ogum. Ambos se
sentiram traídos e passaram todo o tempo brigando entre si pela atenção da
jovem guerreira.
É senhor de muitas
mulheres. Suas lendas estão sempre repletas de conquistas amorosas e bravuras.
Situações muito características aos reis déspotas. Apesar de incongruente, o
despotismo anda ao lado de Xangô quando o assunto se refere especificamente a
ele.
Os eguns ou quaisquer
outras coisas que estejam ligadas à morte estão muito distantes do gosto deste
Orixá. Não por ser um assunto que apenas não aprecie, mas pelo pavor que possui
sobre este tema.
Tanto que quando recebeu
seus poderes e deveria retirá-los com os eguns, o medo não lhe permite, tomando
frente então, sua esposa Iansã (detentora do poder de comunicação com os eguns).
Esta foi de encontro a eles, recebeu os poderes e entregou a Xangô, que os
dividiu com ela. Ele ficou com o domínio dos raios e ela, dos ventos e trovões.
Este medo é tão intenso
em Xangô que em alguns casos, os filhos que possuem este Orixá como “primeiro
santo”, são abandonados por ele no momento de sua morte, tomando a frente Iansã
para essa transição e posteriormente entregando este filho a Iroko, que o
encaminhará à Nanã Buruku.
Características dos filhos de Xangô
A falta de vitalidade e
agilidade dos jovens Ogum ou Oxóssi traz a esses filhos a estabilidade adulta.
Prezam pelo comodismo e autoritarismo. Portam-se sempre como detentores do
julgamento.
Como o Orixá que é
detentor da justiça e tudo o que está ligado à burocracia, os filhos estarão
quase sempre ligados a essas áreas. Facilmente terão sucesso em carreiras
profissionais ligadas ao poder.
Isso lhes é peculiar uma
vez que não possuem o pavio curto de Iansã ou Ogum, mas é enérgico em suas
decisões. Ele possui mais destreza e cautela, pois errar e praticar a injustiça
não lhe cabe.
São grandes amantes do
sexo, mas o possui em segundo plano. São mais reservados que os Orixás sexuais
Ogum e Iansã (que possuem o sexo em primeiro plano).
De tudo, uma grande
dualidade nestes filhos ssalta aos olhos: Apesar de muito inseguros em suas
próprias decisões, possuem extrema segurança quando o assunto a ser tratado é
de outra pessoa.
Estão sempre na postura
de reis, olhando de cima para baixo e batendo de frente quando a situação não
lhes agrada. Para estes, os fins que acharem ideais sempre justificarão os
meios.
Xangô é o protetor os
artistas em geral. Uma grande figura no cenário brasileiro que era filho de
Xangô foi Vinicius de Moraes.
Quando os filhos seguem
pela área do “Capitão do Mato” (V. de Moraes), tendem a proferir a crítica sem
pudores, interpretando o instrumento artístico como ferramenta sociopolítica.
Os filhos deste Orixá
são como o elemento em que ele rege: a rocha bruta. Não a sedimentada, mas
aquela firme que não se move.
A de opinião própria e
determinada. Aquela que, faça chuva ou Sol, estará sempre no mesmo lugar,
resistindo há bilhões e bilhões de anos às suas erosões, sempre com a mesma
opinião.
=o=o=o=o=o=o=o=o=o=|||=o=o=o=o=o=o=o=o=o=
YEMANJÁ
Sincretismo | Nossa
Senhora dos Navegantes |
Dia
da semana | Sábado |
Elementos | Água
salgada |
Domínios | Maternidade
e Educação |
Cores | Azul claro e branco, prata ou vidro
transparente (para fio de contas) |
Plantas e ervas | Musgo
marinho, Jequitibá Rosa, Pata de Vaca, Alcaparreira, dentre outras |
A "mãe dos filhos peixes",
ou Yemanjá é uma das figuras do candomblé que mais possui aceitação e carisma
fora da religião. Sua sincretização é bastante controversa, mas em todos os
casos, está relacionada a figuras de extrema importância na construção
católica, vindo daí a maior aceitação, assim como Oxalá.
Ela é relacionada à Nossa Senhora.
Neste caso acontece da mesma forma que Cristo, já que Nossa Senhora teria uma
classe hierárquica diferenciada entre as santidades da Igreja.
Este Orixá feminino é mãe de, exceto
Logunedé, todos os outros Orixás Iourubás. É a grande esposa de Oxalá. Este
fato explica muita coisa a respeito da adoração que se tem por ela.
Há lendas mais profundas
e históricas a respeito de seu nascimento e transformação em Orixá, como o fato
de ser filha de Olokin (Deus para os Daomeanos) e/ou Olokun (Deusa em Ifé), sua
mãe.
Observando-se a
nomenclatura quase que idêntica, podemos entender que as lendas contadas em
diferentes nações, eram alteradas por contextos sociais e políticos pelas
tribos do panteão africano.
Aparece casada pela
primeira vez com Orunmilá (senhor das adivinhações) e depois com o rei de Ifé.
Diz a lenda que ela foge desta região, ingressando então em outras lendas de
povoados diferentes. (Domínios territoriais).
Independente da corrente
filosófica que adotemos, sempre ela terá seu arquétipo muito ligado ao de
Oxalá. A paz, ausência de conflitos e passividade lhe são também peculiares.
Yemanjá
é muito diferente dos outros Orixás que regem no costume Iorubá. Sua
passividade é diferenciada em um contexto repleto de guerras, decisões
políticas, magia e controle sobre a força da natureza.
Ela se distancia disso
ficando apenas em casa, cuidando da família. É, em tempo integral, mãe e
esposa.
Na África, sua origem é
dada a um rio, com seu nome, que corre para o mar. Deste entendimento que consideramos sua morada não só o mar e
oceano, mas também todo "braço de mar", mesmo sendo essa água doce.
Em geral, tem-se o costume de dizer que ela é
mãe de todas as águas, invadindo assim o território de Oxum. Isso é dito de
forma equivocada. Acontece que muitos confundem, misturam e transformam em uma
só figura Yemanjá e Oxum.
Muitas coisas são parecidas entre as duas. O
mês em que as festejam, o dom maternal, a vaidade feminina, etc.
Oxum é
a mãe geradora da vida. Guarda a fertilidade feminina em seu ventre. Olha pela criança até o momento em que começa a
se apresentar seus desenvolvimentos motores, como a fala, por exemplo.
A partir deste momento,
rege Yemanjá e assim continua até o último segundo em que nos encontramos
encarnados. A partir deste momento, nossa mãe passa a ser Nanã Buruku, que nos
guardará na outra vida.
Yemanjá gosta das joias,
do conforto, da beleza, mas não necessariamente da riqueza de Oxum. Tem o
"Odum" (dom) de fala como Oxum, mas em outro sentido. Ela não chega a
ter a capacidade de convencimento bom ou mau de Oxum.
Não é tão ardilosa. É
mais simples. Suas filhas, por exemplo, se não forem abastadas financeiramente,
serão sempre criativas na sua vestimenta e casa. As filhas de Oxum, viverão em
grande depressão por não ter dinheiro para comprar as joias. Semijóias não lhe
são bem vindas.
Yemanjá não possui
"confusões" propriamente ditas com os outros Orixás, como é de costume. Por ser muito mais passional,
não cria inveja e quizila como a própria Oxum.
Porém,
há dois casos que são interessantes o suficiente para serem citados. Ossaim
foi o filho renegado. Foi para as matas trabalhar em seu silêncio e em sua
liturgia. Posteriormente consegue convencer o irmão Oxossi a ir dividir com ele
a morada. Yemanjá, apesar de muito
tentar impedir, não obtém sucesso. Este abandono a entristece muito, uma vez
que possuía grande afeição por este filho. De tanta tristeza chora e
se derrete em suas lágrimas salgadas, que se transformam no mar.
Daqui
percebemos os "índícios" que pontuam o sofrimento relacionado no
convívio dos filhos destes Orixás. Apesar desta situação, não chegamos a
considerar quizila o que eles têm entre eles.
A segunda situação e aí
sim mais abrupta, é a relação entre ela e Nanã Buruku. Antes das conquistas Iourubás, Nanã era a grande mãe. Da
gestação à vida eterna. Era soberana e possuía um patamar diferente dos demais.
Com a vinda de Yemanjá, Nanã tem sua posição diminuída ao cargo de
avó, ou de mãe após a vida.
Há
diversas lendas que narram tentativas de Nanã em enfrentá-la, mas a
passionalidade de Yemanjá faz com que se resguarde e evite maiores atritos.
Porém, filhas de Nanã e Yemanjá terão sempre a disputa por um lugar ou uma
situação, sem ao menos acharem o objetivo final importante. Apenas disputam.
Yemanjá
é nossa grande mãe e nos guarda em todas as situações. Abraça-nos, e nos
conforta. Não é a toa que, quando estamos precisando de boas energias,
recorremos ao seu lar.
O banho de mar que
carrega sua energia em toda plenitude nos refaz, nos renova e transmite a
energia de colo de mãe.
Características dos filhos de Yemanjá
As (os) filhas (os) deste Orixá
estarão sempre dentro de casa. São os cancerianos do Zodíaco. Elas são as
"Mulheres de Atenas". Carinhosas e atenciosas; estão sempre gerando
conforto e estabilidade para os seus.
Abrem mão de tudo aquilo que podem
abrir para ver o lar sorridente. Apesar de muito bem intencionadas,
costumeiramente interferem de forma errônea na educação de seus filhos.
Protege-os demais, tendo grande
dificuldade em liberta-se disso. Assim, acaba prejudicando o desenvolvimento
dos seus por cuidado em demasia. Também será fácil encontrar a identificação de
relacionamentos conjugais onde essa tratará o marido mais como filho do que
propriamente dito como marido.
Em geral são excelentes cozinheiras,
principalmente por terem esta ação como um grande ofício. Sua docilidade é
quase sempre confundida com lerdeza. Tem-na como boba em diversas vezes, mas
ela continua sendo doce mesmo após essa constatação.
Porém, mesmo com essa capacidade
enorme de perdoar, se isso se repete o suficiente para que ela se magoe, não
haverá volta. Carregará esse rancor por toda sua eternidade.
Com tendência à obesidade, vez
que esses filhos serão, geralmente, adeptos à preguiça, correm riscos até mesmo
de saúde, vez que, para piorar, são apreciadores de uma boa comida.
São desconfiados por demasia. Sabem
que são muitas vezes tachados de pessoas ingênuas e então a vida lhes caleja.
Porém, quando confiam, raramente erram. Possuem um "6º sentido" muito
aguçado.
Se o ajuntó de seu filho não for
representado por algum Orixá mais "ativo" ou "enérgico",
podem se tornar maravilhosas ostras presas eternamente no seu habitat.
As características define algo de cada um. Apesar de ser o caráter intrisico de cada um que faz a diferença. Ser filho não é ser análogo ao orixa. É apenas possuir alguns traços de personalidade.
ResponderExcluir