terça-feira, 5 de julho de 2016

CANDOMBLÉ

              


Terreiro de candomblé em Pernambuco

Candomblé é uma religião derivada do animismo africano onde se cultuam os orixás, voduns ou nkisis, dependendo danação.2 Sendo de origem totêmica e familiar, é uma das religiões de matriz africana mais praticadas, tendo mais de três milhões de seguidores em todo o mundo, principalmente no Brasil.

Também é possível encontrar o chamado povo do santo em outros países como  Uruguai, Argentina, Venezuela,Colômbia, Panamá, México, Alemanha, Itália, Portugal e Espanha. .

Cada nação africana tem, como base, o culto a um único orixá. A junção dos cultos é um fenômeno brasileiro em decorrência da importação de escravos onde, agrupados nas senzalas nomeavam um zelador de santo também conhecido como babalorixá no caso dos homens e iyalorixá no caso das mulheres.

CANDOMBLÉ: HISTÓRICO

A religião tem, por base, a anima (alma) da Natureza, sendo, portanto, chamada de anímica. Os sacerdotes africanos que vieram para o Brasil como escravos, juntamente com seus orixás/nkisis/voduns, sua cultura, e seus idiomas, entre 1549 e 1888, é que tentaram de uma forma ou de outra continuar praticando suas religiões em terras brasileiras;

Foram os africanos que implantaram suas religiões no Brasil, juntando várias em uma casa só para a sobrevivência das mesmas. Portanto, não é invenção de brasileiros.

Diz Clarival do Prado Valladares em seu artigo "A Iconologia Africana no Brasil", na Revista Brasileira de Cultura (MEC e Conselho Federal de Cultura), ano I, Julho-Setembro 1999, p. 37, que o "surgimento dos candomblés com posse de terra na periferia das cidades e com agremiação de crentes e prática de calendário verifica-se incidentalmente em documentos e crônicas a partir do século XVIII".

O autor considera difícil para "qualquer historiador descobrir documentos do período anterior diretamente relacionados à prática permitida, ou sub-reptícia, de rituais africanos". O documento mais remoto, segundo ele, seria de autoria de dom Frei Antônio de Guadalupe, bispo visitador de Minas Gerais, em 1726, divulgado nos "Mandamentos ou Capítulos da visita".

Embora confinado originalmente à população de negros escravizados, inicialmente nas senzalas, quilombos e terreiros, proibido pela Igreja Católica, e criminalizado mesmo por alguns governos, o candomblé prosperou nos quatro séculos, e expandiu-se consideravelmente desde o fim da escravatura em 1888.

Estabeleceu-se com seguidores de várias classes sociais e dezenas de milhares de templos. Em levantamentos recentes, aproximadamente 3 milhões de brasileiros (1,5% da população total) declararam o candomblé como sua religião.

Na cidade de Salvador, existem 2.230 terreiros registrados na Federação Baiana de Cultos Afro-brasileiros e catalogados pelo Centro de Estudos Afro-Orientais da UFBA, (Universidade Federal da Bahia): Mapeamento dos Terreiros de Candomblé de Salvador.

Entretanto, na cultura brasileira, as religiões não são vistas como mutuamente exclusivas, e muitas pessoas de outras crenças religiosas — até 70 milhões, de acordo com algumas organizações culturais Afro-Brasileiras — participam em rituais do candomblé, regularmente ou ocasionalmente. Orixás do candomblé, os rituais, e as festas são agora uma parte integrante da cultura e uma parte do folclore brasileiro.

O candomblé não deve ser confundido com umbanda, macumba, e/ou omoloko, e outras religiões afro-brasileiras com similar origem; e com religiões afro-americanas similares em outros países do Novo Mundo, como o vodou haitiano, a santería cubana, e o obeah, em Trinidade e Tobago, os shangos (similar ao tchamba africano, xambá e ao xangô do nordeste do Brasil) o ourisha, de origem iorubá, os quais foram desenvolvidas independentemente do candomblé e são virtualmente desconhecidos no Brasil.

Etimologia
           
O termo "candomblé" é uma junção do termo quimbundo candombe (dança com atabaques) com o termo iorubá ilé ou ilê (casa): significa, portanto, "casa da dança com atabaques".

Os negros escravizados no Brasil pertenciam a diversos grupos étnicos, incluindo os iorubás, o sewe, os fons e os bantos.

Como a religião se tornou semi-independente em regiões diferentes do país, entre grupos étnicos diferentes evoluíram diversas "divisões" ou "nações", que se distinguem entre si principalmente pelo conjunto de divindades veneradas, o atabaque (música) e a língua sagrada usada nos rituais.

A lista seguinte é uma classificação pouco rigorosa das principais nações e subnações, de suas regiões de origem, e de suas línguas sagradas:

Nações do candomblé
            
Nagô ou ioruba:

Ketu ou Queto (Bahia) e quase todos os estados - Língua iorubá (Iorubá ou Nagô em português);

Efan na Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo;

Ijexá principalmente na Bahia;

Nagô:Egbá ou Xangô no Nordeste: Pernambuco, Paraíba, Alagoas e Sudeste:  Rio de Janeiro e São Paulo;

Mina-nagô ou tambor de mina no Maranhão;

Xambá em Alagoas e Pernambuco (quase extinto).

Banta, Angola e Congo (Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Rio Grande do Sul), mistura de línguas bantas, quicongo e quimbundo:

Candomblé de caboclo (entidades nativas indígenas).

Jeje: a palavra "jeje" vem do ioruba adjeje, que significa "estrangeiro, forasteiro". Nunca existiu nenhuma nação Jeje na África. O que é chamado de nação jeje é o candomblé formado pelos povos fons vindo da região de Daomé e pelos povos mahis ou mahins.;

"Jeje" era o nome dado de forma pejorativa pelos iorubas para as pessoas que habitavam o leste, porque os mahis eram uma tribo do lado leste e Saluvá ou povos Savalu do lado sul. O termo Saluvá ou Savalu, na verdade, vem de "Savé", que era o lugar onde se cultuava Nanã;

Nanã, uma das origens das quais seria Bariba, uma antiga dinastia originária de um filho de Oduduá, que é o fundador de Savé (tendo neste caso a ver com os povos fons). O Abomey ficava no oeste, enquanto os axântis eram a tribo do norte. Todas essas tribos eram de povos jejes, (Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo) - língua ewe e língua fon (jeje)

Jeje Mina: de língua mina, de São Luís (Maranhão);

Babaçuê: Belém (Pará).


Crenças no candomblé

O candomblé é uma religião monoteísta, embora alguns defendam a ideia que são cultuados vários deuses, porém, o deus único para a Nação Ketu é Olorum, para a Nação Bantu é Nzambi e para a Nação Jeje é Mawu.

São nações independentes na prática diária e em virtude do sincretismo existente no Brasil a maioria dos participantes considera como sendo o mesmo Deus da Igreja Católica.

*Os orixás/inquices/voduns recebem homenagens regulares, com oferendas de animais, vegetais e minerais, cânticos, danças e roupas especiais. Mesmo quando há na mitologia referência a uma divindade criadora, essa divindade tem muita importância no dia a dia dos membros do terreiro, mas não são cultuados em templo exclusivo, é louvado em todos os preceitos e muitas vezes é confundido com o Deus cristão:
* Os orixás da mitologia ioruba foram criados por um deus supremo, Olorun (Olorum) dos Yorubás;
* Os Voduns da Mitologia Fon foram criados por Mawu, o deus supremo dos Fons;
* Os Nkisis da mitologia banta, foram criados por Zambi, Zambiapongo, deus supremo e criador.
           

O candomblé cultua, entre todas as nações, umas cinquenta das centenas deidades ainda cultuadas na África. Mas, na maioria dos terreiros das grandes cidades, são doze as mais cultuadas. O que acontece é que algumas divindades têm "qualidades" que podem ser cultuadas como um diferente orixá/inquice/vodun em um ou outro terreiro.

Então, a lista de divindades das diferentes nações é grande, e muitos orixás do queto podem ser "identificados" com os voduns do jeje e inquices dos bantos em suas características, mas na realidade não são os mesmos; seus cultos, rituais e toques são totalmente diferentes.


Adeptos do candomblé

Orixás têm individuais personalidades, habilidades e preferências rituais, e são conectados ao fenômeno natural específico (um conceito não muito diferente do Kami do japonês xintoísmo). Toda pessoa é escolhida no nascimento por um ou vários "patronos" Orixás, que um babalorixá identificará.

Alguns Orixás são "incorporados" por pessoas iniciadas durante o ritual do candomblé, outros Orixás não, apenas são cultuados em árvores pela coletividade. Alguns Orixás chamados Funfun (branco), que fizeram parte da criação do mundo, também não são incorporados.

Acreditam na vida após a morte, e que os espíritos dos babalorixás falecidos possam materializar-se em roupas específicas, são chamados de babá Egum ou Egungun e são cultuados em roças dirigidas só por homens no Culto aos Egungun, os espíritos das iyalorixás falecidas são cultuados coletivamente Iyami-Ajé nas sociedades secretas Gelede, ambos cultos são feitos em casas independentes das de candomblé que também se cultuam os eguns em casas separadas dos Orixás.

Acreditam que algumas crianças nascem com a predestinação de morrer cedo são os chamados abikus (nascidos para morrer) que podem ser de dois tipos, os que morrem logo ao nascer ou ainda criança e os que morrem antes dos pais em datas comemorativas, como aniversário, casamento, e outras.

Sincretismo no candomblé

No tempo das senzalas, os negros, para poderem cultuar seus orixás, nkisis e voduns, usaram, como camuflagem, um altar com imagens de santos católicos e ,por baixo, os assentamentos escondidos. Segundo alguns pesquisadores, este sincretismo já havia começado na África, induzida pelos próprios missionários cristãos para facilitar a conversão.

Depois da libertação dos escravos, começaram a surgir as primeiras casas de candomblé, e é fato que o candomblé de séculos tenha incorporado muitos elementos do cristianismo. Imagens e crucifixos eram exibidos nos templos, orixás eram frequentemente identificados com santos católicos, algumas casas de candomblé também incorporam entidades de caboclos, que eram consideradas pagãs como os orixás.

Mesmo usando imagens e crucifixos, inspiravam perseguições por autoridades e pela Igreja Católica, que viam o candomblé como paganismo e bruxaria, muitos mesmo não sabendo o que era isso.

Nos últimos anos, tem aumentado um movimento em algumas casas de candomblé que rejeitam o sincretismo aos elementos cristãos e procuram recriar um candomblé "mais puro" baseado exclusivamente nos elementos africanos.22

Templos do candomblé


                                                           Ilê Axé Opó Afonjá

          


Ilê Axé Iyá Nassô Oká - Terreiro da Casa Branca:  a casa de candomblé mais antiga de Salvador, em Engenho Velho de Brotas.



Os templos de candomblé são chamados de casas, roças ou terreiros. As casas podem ser de linhagem matriarcal, patriarcal ou mista: Casas pequenas, que são independentes, possuídas e administradas pelo babalorixá ou iyalorixá dono da casa e pelo Orixá principal respectivamente.

Em caso de falecimento do dono, a sucessão na maioria das vezes é feita por parentes consanguíneos, caso não tenha um sucessor interessado em continuar, a casa é desativada. Não há nenhuma administração central.

Casas grandes, que são organizadas, têm uma hierarquia rígida, não é de propriedade do sacerdote, nem toda casa grande é tradicional, é uma Sociedade civil ou beneficente.

A lei federal 6.292, de 15 de dezembro de 1975, protege os terreiros de candomblé no Brasil contra qualquer tipo de alteração de sua formação material ou imaterial.

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e o Instituto Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC) são os responsáveis pelo tombamento das casas.

A progressão na hierarquia é condicionada ao aprendizado e ao desempenho dos rituais longos da iniciação. Em caso de morte de uma ialorixá, a sucessora é escolhida, geralmente entre suas filhas, na maioria das vezes por meio de um jogo divinatório pela Ifá ou jogo de búzios.

Entretanto, a sucessão pode ser disputada ou pode não encontrar um sucessor, e conduz frequentemente ao rachar ou ao fechamento da casa. Há somente três ou quatro casas no Brasil que viram seu 100° aniversário.

Hierarquia no candomblé

No Brasil, existe uma divisão nos cultos:

IFÁ (Sistema de Divinação, originário da cultura africana Yorubá, estando os devotos de Orunmilá, Orixá do destino, e, que, ao se tornarem Oluwos ou Babalawos, depois de um longo aprendizado, alguns afirmam levar 21 anos, e provas perante a sua confraria, é que podem fazer divinações, leituras e suas histórias, exemplificando, sempre com clareza aquilo que se quer saber e sendo recompensado por isso).




IFÁ TRADICIONAL

EGUNGUN: (do iorubá egungun) é um termo das religiões de matriz africana que designa os espíritos de pessoas mortas importantes, que retornam à terra. O termo faz parte da mitologia iorubá.1




Traje iorubá para egungum em exibição no Museu Estadunidense de História Natural, em Nova Iorque

ORIXÁ:  designação genérica das divindades cultuadas pelos iorubas do Sudoeste da atual Nigéria, e tb. de Benin e do Norte do Togo, trazidas para o Brasil pelos negros escravizados dessas áreas e aqui incorporadas por outras seitas religiosas [Os mitos dão-nos frequentemente como ancestrais divinizados que se transformaram em rios, árvores, pedras etc. e que fazem de intermediários entre os homens e as forças naturais e sobrenaturais.].


Fotografia de um par de figuras gêmeas IBEJI autenticado pelo Departamento de Antiguidades da Nigéria.

VODUN: Vodun ou Vodoun. Em português aplica-se aos ramos de uma tradição religiosa teísta-animista baseada nos ancestrais, que tem as suas raízes primárias entre os povos Ewe-Fon da África Ocidental, no país hoje chamado Benin, anteriormente Reino do Daomé, onde o vodun é hoje em dia a religião.

                 


Área original do vodu e das línguas gbe

NKISIS:  Inquice é o mesmo que orixá nos candomblés de Angola Ne do Congo. No panteão dos povos de língua quimbunda originários do Norte de Angola, o deus supremo e criador é Nzambi ou Nzambi Mpungu; abaixo dele, estão os Minkisi ou Mikisi (plural do termo quimbundo Nkisi, "receptáculo"), divindades da mitologia banta.




NKISI

Os cultos de Ifá são separados por tipo de iniciação e participam tanto homens quanto mulheres, sendo um culto patriarcal conduzido pelos babalaôs.

No culto aos egunguns, participam tanto homens quanto mulheres, sendo Culto patriarcal que lida diretamente com a ancestralidade, conduzidos pelos Ojés (pessoas autorizadas).

No candomblé queto, participam tanto homens quanto mulheres, sendo conduzido tanto por homens (babalorixás) quanto por mulheres (ialorixás), que entram em transe com orixá.

No candomblé jeje, participam tanto homens quanto mulheres, sendo conduzido tanto por homens quanto por mulheres. Vodunsis, entram em transe com vodun.

No candomblé banto, participam tanto homens quanto mulheres, sendo conduzido tanto por homens quanto por mulheres iniciadas; muzenzas: entram em transe com nkisi.

Sacerdócio no candomblé

Nas religiões afro-brasileiras, o sacerdócio é dividido em:
* Axogun - Um dos cargos mais importantes do Candomblé. Em grau de importância, está logo abaixo dos Babalorixás. Todos estão à disposição deste sacerdote, porém, como não é rodante (os que entram em transe), não pode iniciar ninguém sem a participação de um babalorixá ou iyalorixá. É especialista em sacrifício.
* Babalawo - Sacerdote de Orunmila-Ifá do Culto de Ifá.
* Bokonon - Sacerdote do Vodun Fa.
* Babalorixá ou Iyalorixá - Sacerdotes de Orixás.
* Doté ou Doné - Sacerdotes de Voduns.
* Tateto e Mameto - Sacerdotes de Inkices.
* Ojé - Sacerdote do Culto aos Egungun.
* Babalosaim - Sacerdote de Ossaim (rei dos grãos e legumes).
           
(Texto: Wikipédia)

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