sexta-feira, 19 de agosto de 2016

CRISTIANISMO (Parte 11 - Calvinismo)



João Calvino (*10/7/1509 - +27/5/1564)

Jean Calvin é chamado de "o organizador do Protestantismo" porque em seu trabalho pastoral de organizar Igrejas evangélicas em Estrasburgo e Genebra, desenvolveu um novo modelo de Igreja.

Calvino nasceu no noroeste da França (Noyon) , sendo 25 anos mais jovem que Martinho Lutero. Seu nome real era Jean Cauvin, o qual mudou para "Calvin" anos mais tarde. Sendo estudioso, adotou a forma latina Calvinus.

Sua cidade natal, Noyon, era um importante e antigo centro da Igreja Católica Romana, tanto que um bispo morava lá e a vida da cidade praticamente girava em torno da catedral.

João Calvino era oriundo de uma família de classe média. Gerard, seu pai, depois de servir à Igreja Romana em várias funções, inclusive como escrivão, veio a ser o secretário do próprio bispo. Assim, o jovem Calvino crescia fortemente ligado aos assuntos da Igreja.

A fim de capacitar seu filho para alcançar uma posição de importância na Igreja, o pai de Calvino investiu na melhor educação possível, tanto que aos catorze anos de idade Calvino entrou para a Universidade de Paris, que era o centro intelectual da Europa Ocidental.

Lá ele frequentou o Colégio de Mantaigu, a mesma instituição na qual Erasmo estudou uns trinta anos antes. Embora Calvino se dedicasse a uma carreira similar em teologia, por diversos motivos sua formação tomou um rumo inesperado.

Primeiramente -  devido ao novo aprendizado do Renascimento, - o Humanismo  estava travando uma bem sucedida batalha contra a Escolástica,  velha teologia católica da antiga Idade Média. 
Calvino se deparou com este novo aprendizado através de outros estudantes e foi rapidamente convencido por estas ideias.

Em segundo lugar, inciava-se em Paris um forte movimento para reforma da Igreja, liderado por Jacques Lefèvre d Etaples (1455-1536). E Calvino se tornou um amigo íntimo de alguns dos alunos de Lefèvre.

O terceiro motivo está ligado às obras e ideias de Martinho Lutero que estavam circulado em Paris por algum tempo, causando uma agitação moderada; sem dúvida, Calvino se familiarizou com elas durante os anos de estudante.

Finalmente, o pai de Calvino teve uma discussão com os oficiais da Igreja em Noyon, incluindo o bispo. Em 1528, assim que Calvino obteve o seu grau de mestre de artes, seu pai lhe disse para deixar a teologia e estudar as leis. 

Sem se opor, Calvino se mudou para a escola de leis em Orleans. Ali ele se dedicou ao estudo das leis, sendo elogiado por sua maestria na matéria. Com frequência, dava aulas pelos professores ausentes.

Depois de três anos de estudo em Orleans, Bourges e Paris, conseguiu o seu doutorado e licença em leis. Durante esse percurso aprendeu grego e mergulhou nos estudos clássicos, que eram de grande interesse dos humanistas contemporâneos. Ligou-se a um grupo de estudantes que discordavam dos ensinos e práticas do Catolicismo Romano.

Em 1531, com a morte do pai de Calvino, ele se viu livre para escolher a carreira que iria prosseguir e não vacilou, optando por teologia. Excitado e desafiado pelo novo aprendizado, mudou para Paris para se dedicar a uma vida de pastoreio.

Em 1536, ele publicou a primeira versão de “Institutas da Religião Cristã”, um resumo sistemático da teologia da Reforma. Ao ler este material, o reformador de Genebra, Guilherme Farel, persuadiu Calvino a ir para aquela cidade afim de auxiliá-lo na implantação da Reforma naquele lugar. 

Lá ele pastoreou a Igreja de St. Pierre e pregava em três cultos por dia. Ainda durante sua estada nesta cidade ele produziu panfletos devocionais, doutrinários e resumos comentados da maior parte dos livros da Bíblia, apesar de ter sofrido com diversas doenças, principalmente enxaquecas.

Apesar de Genebra, inicialmente, oferecer grande oposição as ideias de Calvino, principalmente por este tentar fazê-los ter um viver cotidiano condizente com os ensinamentos de Cristo, rapidamente sua influência se espalhou pelo solo mais fértil: as escolas. De lá saíam muitas lideranças que reproduziam a confissão de fé Calvinista.

O livro de Calvino que gerou impacto na sociedade na qual viveu, bem como na posteridade foi  “As Institutas”, na qual trouxe um resumo bem claro e definido das ideias do protestantismo. Esta obra passaria a ter três volumes, sendo que um deles era dedicado ao Credo apostólico e outro à doutrina da predestinação.

Este ensinamento não era uma unanimidade de Calvino, mas de todos os protestantes, porém, pelo fato de ele dar uma grande ênfase a esta doutrina, ela ficou, com o tempo, mentalmente atrelada a este líder.

A teologia de Calvino consiste em uma compreensão de toda a história da relação homem-Deus. Desde a pré-existência de Deus, anterior a tudo, que projetou todas as coisas, que criou anjos e foi traído, que criou o universo, transformou a Terra, e criou o Homem que desde a eternidade sabia que iria cair em pecado, querendo ser autônomo, dentre os quais desde a eternidade ele predestinou a muitos para viver a eternidade consigo. Por isto, Deus faz o plano de redenção e da entrega de seu Filho por muitos.

A estes, separados desde a Eternidade, Deus envia o Espírito Santo, levando-os a ter fé em Cristo, e assim serem salvos. O porquê disto não é motivo de estudo de Calvino, que destina a Deus um verdadeiro status de Senhor, de misterioso e misericordioso Soberano, o qual a ninguém revelou o motivo desta atitude, pois por justiça poderia ter condenado a todos, mas por misericórdia salvou a muitos.

Calvino lutava, em seus ensinamentos, contra as doutrinas Católicas da salvação pelas obras, afirmando a soberania de Deus, mostrando que ele como Deus não pode nem deve ser enganado. Ele não cansou de afirmar: “Você não pode manipular Deus ou torná-lo seu devedor. É Ele que o salva; pois você não pode fazer isso por si mesmo.”

Porém ele não deixava de afirmar em seus enérgicos ensinamentos que os crentes deveriam demonstrar sua salvação através de suas atitudes. No quarto volume das Institutas, Calvino dedicou-se a organizar a vida prática da Igreja através da organização eclesiástica voltada ao presbitério e à santidade.

John Knox e o Presbiterianismo



                                             John Knox (*1513 - +24/11/1572)

John Knox nasceu em East Lothian na Escócia. Era filho de um fazendeiro de classe média. Depois da escola em Haddington, Knox frequentou a Universidade St. Andrews, onde foi aluno de John Mair, um dos líderes dos estudiosos escoceses daqueles dias que era um forte defensor das ideias dos concílios para a administração da Igreja.

Após formar-se, ele foi ordenado padre na Igreja Católica (1536) e por causa de estudo das leis se tornou um escrivão papal (1540). Ao mesmo tempo, enquanto trabalhava como tutor dos filhos de alguns proprietários de terra, teve contato com várias famílias protestantes.

Não sabemos nem como e nem quando Knox se tornou um protestante, pois nunca revelou nada sobre sua conversão, mas, ao que parece foi por volta de 1545.

Naqueles dias, um homem chamado George Wishart, um escocês que tinha passado algum tempo na Suíça e Inglaterra, retornou a sua terra natal onde começou a pregar o evangelho.

Em janeiro de 1545, depois de pregar em outros lugares, foi para East Lothian onde Knox trabalhou como seu guarda-costas. Apesar da aceitação de Wishart pelas famílias locais, ele foi preso pelo conde de Bothwell e levado para St. Andrews, onde, depois de ser julgado diante do Cardeal Beaton, foi queimado num poste como um herege em março de 1546.

Assim que começou a pregar a fé protestante na Escócia, Knox foi aprisionado e passou 19 meses como escravo de franceses. Após isto, conseguindo escapar pastoreou durante 5 anos uma Igreja na Inglaterra e depois ficou outros 5 anos na Suíça, onde muito aprendeu e cresceu com a teologia de Calvino e outros.

Após isto, em 1559, ele retornou para a Escócia, onde permaneceu até a morte pregando incansavelmente. A pregação de Knox logo via seu resultado, pois, em 1560, o parlamento escocês adotou uma profissão de fé calvinista e deliberou que o papa não tinha jurisdição sobre a escócia, além de proibir as missas.

Knox e seus apoiadores escreveram o “Livro da Disciplina” que era um verdadeiro manual de organização e prática da igreja, em moldes presbiterianos, além de dar incentivo à criação de escolas e universidade s públicas.

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