quinta-feira, 18 de agosto de 2016

CRISTIANISMO (Parte 1 - Cristianismo Primitivo)

HISTÓRICO 

A história do cristianismo é o estudo da religião baseada nos ensinamentos de Jesus de Nazaré. O cristianismo tornar-se-ia numa das maiores religiões, afetando todas as outras fés e mudando o curso da história humana (ver: impacto do cristianismo na civilização).

Isso diz respeito principalmente à religião cristã e da Igreja, do sucessor de Jesus, Tiago, o Justo, até a era atual e as denominações. O cristianismo difere significativamente das outras religiões abraâmicas na afirmação de que Jesus Cristo é o Filho de Deus.

A grande maioria dos cristãos acredita num Deus trino formado por três pessoas unidas e distintas: Pai, Filho e Espírito Santo. Ao longo da sua história, a religião tem resistido a cismas e a disputas teológicas que resultaram em muitas igrejas distintas. Os maiores ramos do cristianismo são a Igreja Católica Romana, a Igreja Ortodoxa, as Igrejas protestantes e evangélicas.

O cristianismo começou a se espalhar inicialmente a partir de Jerusalém, e depois em todo o Oriente Médio, acabando por se tornar a religião oficial da Armênia em 301, da Etiópia em 325, da Geórgia em 337, e depois a Igreja estatal do Império Romano em 380 com o imperador Teodósio. Tornando-se comum  em toda a Europa na Idade Média, ela se expandiu em todo o mundo durante a Era dos Descobrimentos.

Atualmente o cristianismo possuí cerca de 2,13 bilhões de adeptos, sendo a maior religião mundial adotada por cerca de 33% da população do mundo. É a religião predominante na Europa, América, Oceania e em grande parte de África e partes da Ásia.

CRISTIANISMO PRIMITIVO (Séc. I-IV)



Crucificação de Jesus Cristo por Diego Velázquez.
A morte e ressurreição de Jesus foi um dos fatos mais importantes para os primeiros anos do cristianismo.

Durante sua história, o cristianismo passou de uma obscura seita judaica do século I para uma religião existente em todo o mundo conhecido na Antiguidade.

Na Judeia, uma das províncias romanas no Oriente, facções políticas locais se digladiavam em fins do século I a. C. De um lado, a aristocracia e os sacerdotes judeus aceitavam a dominação romana, pois os primeiros obtinham vantagens comerciais e os segundos mantinham o monopólio da religião.

Entre as várias seitas judaicas que coexistiam na região, estavam a dos fariseus, voltados para a vida religiosa e o estudo da Torá, e a dos essênios, que pregavam a vinda do Messias, um rei poderoso que lideraria os judeus rumo à independência. Nesse clima de agitação, durante o governo de Otávio, nasceu, em Belém, um judeu chamado Jesus.

Poucas fontes históricas não cristãs mencionam Jesus ou os primeiros anos do cristianismo. A principal fonte a respeito de sua vida são os Evangelhos, que relatam o nascimento e os primeiros anos no modesto lar de um artesão de Nazaré. Há um período sobre o qual praticamente não há informações, até que, aos trinta anos, Jesus recebe o batismo pelas mãos de João Batista, nas águas do rio Jordãoo  e começa a pregação de seu ideário.

Para os cristãos, Ele seria o Messias esperado pelos judeus. No Sermão da Montanha, descrito nos evangelhos de Mateus e de Lucas, é apresentado os princípios básicos de seu pensamento: para Jesus, a moral, como a religião, era essencialmente individual e a virtude não era social, mas de consciência. Pregava a igualdade entre os homens, o perdão e o amor ao próximo.

Segundo os Evangelhos, as autoridades religiosas judaicas não aceitaram que aquele homem simples, que pregava aos humildes, pudesse ser o rei, o Messias que viria salvá-los.  Consideraram-no um dissidente e o enquadraram na lei religiosa, condenando-o à morte por crucificação, a ser aplicada pelos romanos (do ponto de vista das autoridades romanas, Jesus era um rebelde político).

Levadas pelos seus discípulos, os apóstolos, a diversas partes do império romano, as ideias de Jesus frutificaram. O apóstolo Paulo, judeu com cidadania romana, deu caráter universal à nova religião: segundo ele, a mensagem de Jesus, chamado de Cristo (o ungido) por seus seguidores, era dirigida não somente aos judeus, mas a todos os povos.

Com Paulo, o cristianismo deixou de ser uma seita do judaísmo para se tornar uma religião autônoma. Por não aceitarem a divindade imperial e por acreditarem que havia uma única verdade - a de Jesus -, os cristãos foram perseguidos pelos romanos.

Por volta do ano 70, foram escritos os evangélos atribuídos a Marcos e Mateus, em língua grega. Trinta anos depois, publicava-se o evangelho atribuído a João, e a doutrina da Santíssima Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo) começava a tomar forma.

Apegados ao monoteísmo, os cristãos não juravam o culto divino ao imperador, provocando reações violentas. As perseguições ocorreram em curtos períodos, embora violentos, na medida em que o culto divino ao imperador, estabelecido por Augusto, mas formalizado por Domiciano, era aplicado nas províncias.

Muitos foram perseguidos, outros morreram nas arenas, devorados por feras. Ao mesmo tempo, cada vez mais pessoas se convertiam ao cristianismo, especialmente pobres e escravos, que se voltavam para a Igreja por acreditarem na promessa de vida eterna no Paraíso.

O poder do cristianismo não podia mais ser ignorado. A partir do momento em que cidadãos ricos do Império Romano se converteram à nova religião, a doutrina, que pregava a igualdade e a liberdade, deixava de representar um perigo social.

Aos poucos, a Igreja Católica se institucionalizava e o clero se organizava, numa enorme escalada da hierarquia com o surgimento dos bispos e presbíteros, no lugar de anciãos e superintendentes.

O território sob o domínio romano foi dividido em províncias eclesiásticas. Os patriarcas, bispos dos grandes centros urbanos - como Roma, Constantinopla, Antioquia da Síria e Alexandria -, ampliaram seu poder, controlando as províncias.

O bispado de Roma procurou se sobrepor aos demais, alegando que o bispo de Roma era o herdeiro do apóstolo Pedro, que teria recebido de Jesus a incumbência de propagar a fé cristã entre os povos.

Em 313, o imperador Constantino fez publicar o Édito de Milão, que instituía a tolerância religiosa no império, beneficiando principalmente os cristãos. Com isso, recebeu apoio em sua luta para se tornar o único imperador e extinguir a tetrarquia.

Em 361, assumiu o trono Juliano, o Apóstata, que tentou reerguer o paganismo, dando-lhe consistência ético-filosófica e reabrindo os templos. Três anos depois o imperador morreu e, com ele, as tentativas de retomar a antiga religião romana.

Em 391, Teodósio I (379-395) oficializou o cristianismo nos territórios romanos e perseguiu os dissidentes. Após seu reinado, o império foi dividido em duas partes. Os filhos de Teodósio assumiram o poder: Arcádio herdou o Império Romano do Oriente, cujo centro político era Constantinopla (antiga Bizâncio, rebatizada em homenagem ao imperador Constantino, localizava-se onde hoje é a cidade turca de Istambul); a Honório I coube o Império Romano do Ocidente, com capital em Roma.

O cristianismo primitivo pode ser dividido em duas fases distintas: o período apostólico, quando os primeiros apóstolos estavam vivos e propagaram a fé cristã: e o período pós-apostólico, quando foi desenvolvida uma das primeiras estruturas episcopais e houve uma intensa perseguição aos cristãos. Essa perseguição terminou em 313 sob o governo de Constantino I que, em 325,  promulgou o primeiro concílio de Niceia, dando início aos Concílios Ecumênicos.

Igreja Apostólica

A Igreja Apostólica era uma comunidade liderada pelos apóstolos e pelos parentes e seguidores de Jesus. De acordo com o Novo Testamento, depois de sua ressurreição, Jesus ordenou na Grande Comissão que seus ensinamentos fossem espalhados por todo o mundo.

Os Atos dos Apóstolos é a fonte primária de informação sobre esse período. Tradicionalmente atribuído a Lucas, este livro conta a história da Igreja primitiva a partir dessa comissão em Atos 1,3-11 até a propagação da religião entre os gentios do leste do Mediterrâneo por Paulo de Tarso e outros.

Os primeiros cristãos eram de etnias judaicas ou judeus prosélitos. Em outras palavras, os primeiros seguidores do cristianismo foram os judeus que Jesus chamou para ser seus primeiros discípulos.

Apesar da Grande Comissão de Mateus 28,19-20 ser dirigida a todas as nações, os primeiros cristãos se depararam com uma questão que trouxe problemas para os primeiros líderes da igreja: os Gentios convertidos ao cristianismo precisariam se tornar judeus?

Isso geralmente estava associado à circuncisão e à adesão de leis dietéticas. Enquanto os judaizantes apoiavam essas restrições, alguns pregadores cristãos, como o apóstolo Paulo, foram contra impor aos novos conversos essas práticas. Além disso, a circuncisão era considerada repulsiva pelos gregos da Bacia do Mediterrâneo.

As ações de Pedro na conversão de Cornélio, o centurião, parecia indicar que não era preciso estar circuncidado, e isso foi debatido e aprovado pelo I Concílio Apostólico de Jerusalém (ano 49). Questões relacionadas são debatidas ainda hoje.

As doutrinas que os apóstolos trouxeram para a Igreja Primitiva entraram em conflito com algumas autoridades religiosas judaicas. Isto levou a expulsão dos cristãos das sinagogas.

O livro de Atos registra o martírio dos líderes cristãos, como Estêvão e Tiago Zebedeu. A partir daí, o cristianismo adquiriu uma identidade distinta do judaísmo rabínico.

Entretanto, essa diferença não foi reconhecida de uma vez pelo Império Romano. O nome cristão (do grego Christós: Χριστόϛ: o Ungido) foi aplicado pela primeira vez aos discípulos em Antioquia da Síria, conforme registrado em Atos 11,26. Alguns afirmam que o termo cristão foi criado como um nome depreciativo, sendo aplicado como um termo de escárnio para aqueles que seguiram os ensinamentos de Jesus.

Crenças e credos dos cristãos primitivos


Cristo Jesus, O Bom Pastor, século III.

As fontes para as crenças da comunidade cristã primitiva são os Evangelhos e as epístolas do Novo Testamento. Os relatos mais antigos da crença estão contidos nesses textos, como os credos e os hinos cristãos, bem como as histórias da Paixão, do túmulo vazio e as aparições da ressurreição. Algumas dessas crenças são datadas nos anos 30 d. C. ou 40 d. C., originário dentro da Igreja de Jerusalém.

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